Uma conversa interceptada pela Polícia Federal, mostra uma liderança do PCC atacando o ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro e afirmando que a facção tinha um ‘diálogo cabuloso’ com o PT (Partido dos Trabalhadores). Ouça o áudio:
Os telefonemas, de abril deste ano, obtidos pelo Rápido no Ar foram captados pela Operação Cravada, que mira o núcleo financeiro da organização criminosa.
Um dos alvos da operação realizada na última quarta-feira (7) é Alexsandro Roberto Pereira, conhecido como ‘Elias’ ou ‘Veio’. De acordo com as investigações, ele atua como ‘Resumo da Rifa’, e é responsável por ‘posição na hierarquia da organização criminosa e também possui poder de decisão e mando sobre os demais integrantes’.
Em um dos diálogos, no dia 22 de abril, Elias conversa com Willians Marcondes Ferraz, o ‘Rolex’, que também atua na mesma posição no organograma da organização. Outro interceptado é André Luiz de Oliveira, o ‘Salim’.
“Os caras tão no começo do mandato dos cara, você acha que os cara já começou o mandato mexendo com nois irmão. Já mexendo diretamente com a cúpula, irmão. O… o… quem tá na linha de frente. Então, se os cara começou mexendo
com quem estava na linha de frente, os caras já entrou falando o quê?”, afirmam.
O traficante passa então a criticar o ministro Sérgio Moro. “Com nois já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros, que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não. Esse MORO aí, esse cara é um filha da ****, mano. Esse cara aí é um filha da **** mesmo, mano. Ele veio pra atrasar”.
“Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque… situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano….”, diz Elias.
Em outra conversa o líder do PCC também comenta sobre movimentações financeiras. Afirma que está na hora de ‘trocar todas as 10 contas do comando, pois estão batendo 4 meses de uso; que o MS e MG a movimentação é alta mesmo…’.
Após a conversa com Salim, Elias liga então para Rolex, e volta a falar sobre o fato de ter visto matéria sobre o tema na Voz do Brasil.
Ele faz ameaças:
“ESSE VERME AI QUE ENTROU AI”, mano, ele veio para querer mostrar serviço, mano, pra querer falar que “COM ELE É DESSA FORMA”, e que “NAS OUTRA ADMINISTRAÇÃO TAVA TUDO ERRADO”. Então, eles tão vindo nesse caminho, de querer mostrar que tudo que os outros estavam fazendo tava errado. Então, pode ter certeza, meu amigo, esse “VERME” aí ele vai ô…primeiramente irmão: “MEXEU, NÃO TEVE UMA RESPOSTA, ATÉ AGORA NÃO TEVE UMA RESPOSTA AINDA!”. Os cara falou o quê? Falou: “oh mano, os cara não quer, não quer guerra”. Mas só que o… “A GENTE TEM QUE DESESTRUTURAR AS PEÇA CHAVE”. As peça chave que ele sabe que eles tem o tabuleiro quem é.
Em seguida o traficante volta a falar em suposto alinhamento com o PT, em termos idênticos ao da conversa anterior, segundo o relatório de grampos da PF.
“E que esse “Moro” aí mano, “Esse cara ai é uma filha da ***”, mano. Esse cara aí é um filha da **** mesmo, mano. Ele veio pra atrasar. “ele já começou a atrasar o …quando foi pra cima do pt”. Pra você ver, o “PT com nois tinha diálogo! o pt tinha um diálogo com nois cabuloso”, mano, é porque é situações que não dá nem pra gente ficar conversando essas caminhada pelo telefone, mano. Mas o PT, ele tinha uma linha de diálogo com nois cabulosa, mano”, afirma.
O PT emitiu uma nota na manhã de hoje onde afirma que tudo não passa de uma armação. Leia a nota na integra:
Esta é mais uma armação como tantas outras forjadas contra o PT, e vem no momento em que a Polícia Federal está subordinada a um ministro acuado pela revelação de suas condutas criminosas. Quem dialogou e fez transações milionárias com criminosos confessos não foi o PT, foi o ex-juiz Sergio Moro, para montar uma farsa judicial contra o ex-presidente Lula com delações mentirosas e sem provas. É Moro que deve se explicar à Justiça e ao país pelas graves acusações que pesam contra ele.
Assessoria de Imprensa do Partido dos Trabalhadores, 8 de agosto de 2109.