Duas pessoas morreram e sete foram presas na noite deste sábado, 21, durante ação da Polícia Civil contra uma quadrilha que escavava um túnel de 63 metros para acessar a Central de Órgãos Regionais do Banco do Brasil, em Campo Grande. Um dos presos está hospitalizado.
Batizada de Hórus, a operação conseguiu interceptar os suspeitos no momento em que o túnel já se aproximava do cofre da Central. A investigação, realizada pela Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), ocorria há pelo menos seis meses.
Estima-se que a quadrilha realizava a escavação no mesmo período Centenas de sacos de terra foram encontrados no túnel e também na casa alugada onde o grupo se resguardava, localizada bem próxima à agência, no bairro Monte Castelo, na capital do Mato Grosso do Sul.
Segundo a polícia, a quadrilha seria especializada em assaltos a bancos e os integrantes não eram do Mato Grosso do Sul. Alguns teriam vindo de São Paulo. Outros, de estados do Nordeste. Há integrantes foragidos.
O Garras apreendeu, ainda, uma caminhonete Hilux, com placa de Pernambuco, um carro de passeio de Ponta Porã (MS) e um caminhão
No túnel havia ventiladores, usados para refrescar o ambiente, além de carrinhos de mão, cordas e um elevador improvisado. A abertura foi feita pelo piso do imóvel que a quadrilha ocupava.
O preso hospitalizado ficará sob escolta policial durante a internação. Ele passou por cirurgia ortopédica neste domingo, 22, e o estado de saúde é considerado estável.
Os dois mortos teriam sido levados ao hospital, mas não resistiram, segundo a polícia. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados. A assessoria do Banco do Brasil afirmou que só vai se pronunciar após ter mais detalhes da investigação.
Túneis foram usados em roubos milionários
Em agosto de 2005, uma quadrilha conseguir realizar o maior furto a banco da história do Brasil, após cavar um túnel de 80 metros entre uma casa e o caixa-forte do Banco Central, em Fortaleza. Foram levados R$ 164,7 milhões no assalto.
O furto resultou em 28 ações penais e 129 denunciados na Justiça Federal do Ceará, embora ainda hoje existam integrantes da quadrilha foragidos. Apontado como um dos líderes do ataque, Raimundo Laurindo Barbosa Neto, só foi preso em 2018 – mais de 13 anos após o crime.
Em outubro de 2017, a Polícia Civil de São Paulo conseguiu prender uma quadrilha antes que ela acessasse R$ 1 bilhão que estava no cofre do Banco do Brasil na região de Santo Amaro, zona sul da capital paulista. Para a ação criminosa, os bandidos construíram um túnel de 600 metros – quase oito vezes maior do que a estrutura construída em Fortaleza.
Foram presos 16 homens na ação. A polícia também conseguiu apreender seis veículos que seriam usados no furto. Estima-se que a quadrilha havia investido cerca de R$ 4 milhões para realizar o ataque.
O rol de crimes milionários no Brasil registra, ainda, uma série de assaltos sem a escavação de túneis. Neste ano, uma quadrilha fortemente armada roubou 711 quilos de ouro, 36 quilos de prata, 15 quilos de esmeraldas, 18 relógios e um colar do terminal de cargas do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Em 2011, criminosos especializada arrombaram os 171 cofres da agência do Itaú na Avenida Paulista e a levaram joias, relógios, dinheiro e outros bens de 142 deles. Na Justiça, o valor estimado foi de R$ 250 milhões.
Segundo a polícia, 13 criminosos foram identificados. Três deles foram presos ainda naquele ano. Em 2013, João Paulo dos Santos, considerado o mentor do assalto, também foi preso.