O grupo português Mota-Engil, que tem participação da empresa chinesa CCCC (China Communications Construction Company), venceu nesta sexta-feira (5) o leilão para a construção do túnel submerso que vai ligar as cidades de Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo. O certame ocorreu na sede da B3, em São Paulo, com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, ministros e do governador Tarcísio de Freitas.
A proposta vencedora ofereceu 0,50% de desconto sobre o valor da contraprestação pública máxima de R$ 438,3 milhões anuais, superando a espanhola Acciona, que não apresentou desconto. A concessionária ficará responsável pela construção, operação e manutenção do túnel por 30 anos.
O investimento total está estimado em R$ 6,8 bilhões, com aporte público de até R$ 5,14 bilhões, dividido entre governo federal e governo estadual. O restante será financiado pela iniciativa privada.
Obra considerada prioridade
O túnel Santos-Guarujá é a maior obra do Novo PAC e será a primeira travessia submersa do Brasil. O projeto prevê 1,5 km de extensão, sendo 870 metros imersos, com módulos pré-moldados de concreto instalados no canal portuário.
A estrutura contará com três faixas em cada sentido, incluindo uma adaptada para VLT (Veículo Leve sobre Trilhos), além de ciclovia, espaço para pedestres e galeria de serviços. Segundo o governo paulista, a travessia, hoje feita por balsas ou pela Rodovia Cônego Domênico Rangoni, poderá ser realizada em até cinco minutos, reduzindo tempo de deslocamento e estimulando o turismo e a economia regional.
Protestos durante o leilão
Enquanto o leilão era realizado, moradores do bairro Macuco, em Santos, protestaram contra possíveis desapropriações ligadas ao projeto. Segundo a Associação Comunitária do Macuco, cerca de 200 famílias podem ser impactadas. A entidade pede garantias do Estado quanto à indenização e ao direito de permanência dos moradores na cidade.
Pedido de suspensão rejeitado
Na véspera do leilão, o ministro Bruno Dantas, do TCU, rejeitou pedido do Ministério Público junto ao tribunal para suspender o certame. O órgão questionava o modelo de financiamento, alegando possível favorecimento a grupos estrangeiros. O ministro considerou que não havia provas de irregularidade.
Impacto na mobilidade
Atualmente, mais de 21 mil veículos, 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres atravessam diariamente o canal entre Santos e Guarujá por balsas e barcas. Com o túnel, o governo estima que o tempo de travessia cairá drasticamente, aliviando o tráfego na rodovia e incentivando o transporte coletivo e sustentável.

