Ícone do site Rápido no Ar

Governo avalia repassar mais de mil creches à iniciativa privada

O governo estuda conceder à iniciativa privada um portfólio de mais de mil creches cujas obras não estão finalizadas. Em entrevista, a secretária especial do Programa de Parcerias de Investimentos, Martha Seillier, explicou que, na falta de recursos públicos para finalizar esses empreendimentos, a ideia é atrair um parceiro para acabar as obras, tocar a operação das creches e ofertar as vagas. Caberia ao governo comprar parte dessas vagas, como compensação aos investimentos feitos, e redistribuí-las à sociedade.

“O governo compraria algumas dessas vagas, como contrapartida pelos investimentos feita ao longo de, por exemplo, 30 anos de concessão”, disse.

PUBLICIDADE

Segundo ela, por enquanto, todos os modelos estão na mesa: a empresa privada poderia tanto vender 100% das vagas ao governo ou apenas parte delas, colocando as demais no mercado. Para Martha, o governo enxerga uma vantagem na oferta de vagas diretamente ao mercado à medida que isso garantiria uma preocupação com a qualidade do serviço ofertado. “Pode ser um alinhamento importante para garantir melhores serviços”, disse.

Piloto
Ela disse que a dimensão do programa dependerá de quanto o Ministério da Educação conseguirá disponibilizar para esses vouchers. Se os recursos forem poucos, o governo começará com algumas creches-piloto. A secretária pontuou que ainda não há prazos na mesa, mas que as creches já foram incluídas no PPI na semana passada, quando o governo anunciou a inclusão de mais nove estatais no programa de privatizações. A ideia é mapear a situação de cada uma delas e então decidir se organizará as concessões por Estado ou em blocos. “A gente quer entregar o máximo possível de unidades nos próximos anos”, afirmou.

A secretária destacou ainda que a decisão do governo não tem relação com um possível problema gerencial nas creches públicas, mas por uma avaliação de custo de oportunidade, à medida que essas obras estão paradas e não há recursos para terminá-las.

A intenção de conceder creches públicas foi anunciada, na semana passada, pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que também afirmou que o governo estuda fazer o mesmo com Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Esse assunto, no entanto, está ainda em fase de conversa preliminar com o Ministério da Saúde.

Privatizações
Segundo Martha, a equipe técnica acredita que, mesmo no caso das estatais dependentes, como a CBTU e a Trensurb, que hoje têm baixo valor de mercado, é possível privatizar.

“Se a gente tiver um saneamento dessas companhias, em termos de gastos, otimização de receitas, revisão de tarifas e de potencial de receitas comerciais, inclusão de ativos imobiliários nos projetos, tudo isso pode tornar a CBTU e a Trensurb interessantes para a iniciativa privada de forma que a gente não precise liquidar”, disse.

Ela afirmou ainda que a carteira de projetos do PPI vai passar agora por um “pente fino” para endereçar corretamente o futuro de cada uma das empresas.

“Vamos ver oportunidades que elas trazem para parceiros privados e começar a pensar modelagem: concessão, privatização, venda de participação, minoritária, majoritária”, disse. Assim que a melhor modelagem for definida, a proposta volta ao conselho de ministros, que deliberam sobre a forma de avançar com as parcerias.

Sair da versão mobile