Duas horas. Esse foi o tempo da coletiva de imprensa realizada hoje à tarde na sede da Liga Desportiva Limeirense, anexa ao Vô Lucato. Vários assuntos foram tratados, como injúria racial, os incidentes no clássico Abílio Pedro e Classe A e a renúncia de toda diretoria executiva da entidade.
O primeiro tema abordado foi o caso de injúria racial ocorrido no domingo, no Santa Adélia, quando o goleiro do Santa Fé foi chamado de “gorila” por um torcedor na partida contra o Red Soccer, que terminou empatada por 1 a 1, pela 5ª rodada da Terceira Divisão.
Segundo o vice-presidente da Liga, Ricardo Camargo Júnior, o Juninho, o Red Soccer não será punido. Segundo ele, essa esfera será criminal. “Todos tomaram as providências cabíveis na hora do ocorrido. O acusado foi identificado e conduzido ao Plantão Policial, onde está à disposição da Justiça”, comunicou.
Juninho afirmou que o árbitro relatou o caso de racismo na súmula, mas não colocou nomes e muito menos o lado que foi. “Espero que sirva de lição e que não tenhamos mais casos deste tipo. É profundamente lamentável. Estamos em 2023 e ainda temos que lidar com ocorrências deste tipo. Uma coisa é certa, vamos acompanhar esse caso até o fim. O assunto é sério e desagradável”, lamentou.
Apesar de não enviar nenhuma nota a Liga Desportiva para explicar o caso, o Red Soccer teria tomado todas as providências na hora do ocorrido, se colocando à disposição para quaisquer esclarecimento.
Em seguida os diretores falaram sobre os incidentes causados após a vitória do Abílio Pedro sobre o Classe A por 2 a 1, no Sindicato dos Metalúrgicos, pela Primeira Divisão.
Os árbitros serão chamados e ouvidos. Testemunhas também serão arroladas no caso. Haverá um julgamento assim que o Classe A se defender. Segundo o presidente Lucas Lúcio, o LK, a arbitragem relatou na súmula que foi agredida após a partida. Ele só não soube afirmar se foi feito algum boletim de ocorrência.
Em dado momento da coletiva foi citado o artigo 47, que diz que os clubes são responsáveis por suas torcidas. Nesse caso, dependendo da gravidade, poderá até haver exclusão de cinco anos do Campeonato Amador. “Não sei se isso será aplicado ao Classe A. Demos um prazo de defesa. Na súmula consta a agressão”, disse o responsável pela Comissão Disciplinar.
O lance polêmico foi o gol de falta de Orelha para o Abílio Pedro aos 44 minutos do 2º tempo. O árbitro deu o gol, mas a torcida do Classe A reclama de uma possível falta no goleiro Vinícius, que subiu junto com o zagueiro rival Thauan. O arqueiro teria sido desequilibrado na subida. Marcelo Rogério, instrutor de arbitragem da CBF, analisou o lance e afirmou que o árbitro acertou e que o gol foi legal.
A Liga Desportiva se defendeu sobre o nível de arbitragem no geral, relatando que por conta de terceirizada, alguns árbitros são possuem tanta qualidade e podem interferir no bom andamento do jogo, mas não disse que esse é o caso.
A meta é criar futuramente uma comissão que vai fiscalizar a atuação de cada homem do apito. Outra ideia é colocar uma viatura da Guarda Municipal em cada campo, inibindo a violência.
O terceiro assunto da coletiva foi a renúncia de toda diretoria da Liga Desportiva Limeirense. LK e Juninho disseram que a decisão pela saída estava decidida desde sexta-feira passada, ou seja, antes mesmo dos incidentes do domingo.
Segundo a dupla, fatores extracampo levaram a essa decisão. “Não gostaria de expor o que passamos. Só posso afirmar que foi muito desagradável. A gente tem família. Isso vinha me desgastando demais, interferindo até no meu trabalho do dia a dia. Achamos por bem parar por aqui. Posso afirmar que não é medo de uma possível punição no próximo julgamento”, explicou Juninho.
Desta forma, uma assembleia extraordinária acontecerá nesta quinta-feira, às 19h30, no Sindicato dos Papeleiros para que um novo presidente apareça e tome posse o quanto antes, para dar andamento a competição. “Tenho certeza que vai aparecer alguém. Tenho notado a movimentação de algumas pessoas quanto a isso. Se fosse só o Amador estaríamos tranquilo. Mas tem futsal, categorias de base, veteranos, enfim, é muita coisa”, confidenciou.
Mesmo confirmando a renúncia, Juninho disse que não sairá imediatamente do cargo. “Vamos fazer todos os trâmites necessários, como montar uma nova eleição. Nossa intenção nunca foi prejudicar o Amador. Entramos pela porta da frente e vamos sair pela porta da frente. Pegamos a Liga Desportiva com dívidas pesadas e estamos deixando sem dívidas. Quero elogiar o trabalho do ex-presidente Daniel Castelon, que iniciou essa grande mudança na Liga”, frisou.
Por várias vezes Juninho se mostrava triste com a decisão que tomou. “Queria muito dar sequência ao meu trabalho aqui na Liga. Acho que nossa gestão era boa. Os clubes estavam aprovando. Estava todo esperançoso que no ano que vem seria um dos melhores campeonatos que faríamos. Não estou saindo feliz, mas o desgaste é muito grande. Vocês não têm ideia de quantas pedradas levamos no cargo”, completou.
LK disse que o regulamento será cumprido e que não tem medo de nenhuma decisão que possa ser tomada em breve. “Não tenho medo de punir os envolvidos. Vamos seguir à risca”, prometeu.
LK reforçou que foi a comissão de arbitragem que solicitou a paralisação do Campeonato Amador por tempo indeterminado e que a decisão foi acatada também pela Secretaria de Esportes através do secretário Luiz Augusto Zanon.
“Eles alegaram falta de segurança para atuar. Esse tempo servirá de reflexão para os envolvidos. Essas pessoas verão o quanto fará falta o Campeonato Amador nas próximas duas semanas. Tem muita gente envolvida. É a diversão de famílias inteiras”, destacou o presidente.
No fim da coletiva, os responsáveis pelos veículos de comunicação que cobrem a Liga Desportiva parabenizaram o trabalho dos atuais dirigentes. Já Wartão, eterno diretor da Liga Desportiva Limeirense, fez um discurso emocionado e pediu para que LK e Juninho repensassem e continuassem no cargo, pelo menos até o final deste Amador. Mas pelo visto, a decisão é irrevogável.