Foi concluído nesta semana o trabalho de apuração das lesões na jovem, de 19 anos, que teve seu corpo marcado por um objeto cortante no dia 8 de outubro, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Segundo o laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP), houve lesões superficiais, contínuas, uniformes e sem profundidade em região do corpo facilmente acessível pela periciada, o que sugere que os traços tenham sido provocados pela própria ‘vitima’.
“Conclui-se que a figura produzida poderia ser mais facilmente produzida com o consentimento ou com a colaboração da própria periciada, ou, alternativamente, ao menos, com marcada incapacidade dela em reagir, ainda que involuntariamente, aos estímulos que seriam esperados diante de uma agressão”, aponta o laudo.
Os peritos sugeriram uma comparação entre as imagens feitas pelo IGP e as imagens recebidas pela polícia para esclarecer todas as dúvidas. Eles também destacaram que não houve consentimento da jovem em prosseguir com o exame de corpo delito na busca de outras possíveis evidências, principalmente pelo fato de que não havia elementos suficientes que indicassem um embate corporal. Ela não apresentava lesões, como, por exemplo, hematomas ou demais marcas na face, mãos e braços, que são sinais característicos de quem reage a uma agressão.
Eles ainda indicam que houve um certo zelo e que os traços, que em um determinado momento são mencionados como “arranhões”, foram feitos de forma cuidadosa, ou seja, não condizentes com o ambiente descrito no depoimento, sugerindo que o agressor teve tempo ou teria muita habilidade. Em uma das partes da conclusão, é mencionado que um agressor, agindo de forma rápida, teria dificuldades para fazer estas marcas paralelas, principalmente porque deixaria lesões mais profundas e menos uniformes em plena rua, além de provável resistência.
“Pode-se concluir que as lesões tenham sido produzidas cautelosamente, de modo a não causarem danos às camadas profundas da derme, provocando alterações que são apenas superficiais. Não seria esperado produzirem-se lesões como estas, com as características das que foram evidenciadas neste exame de corpo de delito, por um agressor que agisse de forma tempestuosa e demasiadamente rápida, como se esperaria que fosse o caso em situações de agressões furtivas e em ambientes adversos”, diz trecho do laudo.
A perícia sugere que a própria vítima fez as marcas, que ela consentiu ou colaborou, além da hipótese de terem sido feitas sem a vontade dela, mas mesmo assim sem esboço de reação. Não foi possível confirmar o uso de substâncias tóxicas ou até mesmo asfixia que pudessem neutralizar reações da jovem. O certo é que ela não apresentava outros tipos de marcas que indicassem imobilização.
Para a Polícia Civil, a jovem, que teve o nome mantido em sigilo, relatou que teria descido do ônibus e foi ofendida por três homens. Ainda segundo ela, pelo fato de estar carregando uma mochila com um adesivo indicando sua orientação sexual e um adesivo #elenão, ela alegou ter sido segurada por dois deles e uma terceira teria feito a marca em seu corpo.
Os investigadores também já analisaram imagens de oito câmeras de segurança, cada uma com cerca de duas horas de duração e ouviram moradores e trabalhadores da região onde a jovem alega ter sido agredida e todos negam ter visto a agressão, além das imagens não detectarem nada anormal naquele dia.
A jovem foi chamada para depor novamente, mas alegou ter passado mal e não pode ter comparecido.
A Polícia Civil ainda não definiu um prazo para concluir a investigação e ainda deve ouvir a vítima, bem como vai tentar o depoimento da jornalista que divulgou o fato nas redes sociais.
A jovem será indiciada por falso testemunho.