Uma operação nacional contra o crime organizado no setor de combustíveis foi deflagrada nesta quinta-feira (28) após investigações iniciadas em São Paulo. Batizada de Carbono Oculto, a ação mobilizou cerca de 1,4 mil agentes de diferentes órgãos e mira um esquema de fraude bilionário que envolvia mais de 300 postos no estado.
A força-tarefa reuniu o Ministério Público de São Paulo (Gaeco), Polícias Civil e Militar, Polícia Federal, Ministério Público Federal, Receita Federal, Secretaria da Fazenda e Planejamento de SP (Sefaz-SP) e a Procuradoria Geral do Estado. Apenas em São Paulo, foram cumpridos 156 mandados de busca por 776 policiais, com apoio de 160 auditores fiscais.
Segundo as investigações, o grupo criminoso atuava em diversos crimes, como adulteração de combustíveis, fraudes fiscais, lavagem de dinheiro, estelionato, crimes ambientais e até ameaças a empresários do setor.
O ponto de partida foi um levantamento realizado pelo Centro de Inteligência da Polícia Militar de São Paulo, a pedido do MP-SP, que identificou postos possivelmente utilizados pelo crime organizado. O material coletado serviu de base para o procedimento investigatório que resultou na operação.
As fraudes incluíam o uso de fintechs e fundos de investimento para lavar dinheiro e a importação irregular de metanol, desviado do Porto de Paranaguá (PR) e utilizado clandestinamente na adulteração de combustíveis.
Segundo o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, esta é a “maior operação da história para esse tipo de combate” e tem caráter predominantemente de inteligência. Ele citou como exemplo uma das 200 empresas investigadas, que possui dívida fiscal superior a R$ 7,5 bilhões com o estado.
As apurações também revelaram a prática de simulações de compra de postos de combustíveis, em que os verdadeiros proprietários eram coagidos sob ameaça caso cobrassem o pagamento.
Riscos à população
Além do prejuízo fiscal e econômico, o transporte irregular de metanol, um produto altamente inflamável e tóxico, representa risco para motoristas, pedestres e o meio ambiente.
Parte dos recursos ilícitos foi utilizada na compra de usinas sucroalcooleiras, além da expansão de distribuidoras, transportadoras e postos, ampliando a rede criminosa.

