A Lei 17.201/2019, que proíbe o uso e comercialização de cerol em São Paulo, completa cinco anos. Criada para prevenir acidentes graves, a medida busca proteger motociclistas, ciclistas e pedestres, mas enfrenta desafios de fiscalização e conscientização, com um número ainda elevado de ocorrências.
Cerol: uma ameaça para a segurança nas ruas
A prática de soltar pipas é uma tradição cultural no Brasil, mas o uso do cerol — mistura de pó de vidro e cola aplicada na linha — transforma a brincadeira em um risco. Marcelo Prudente da Silva, comerciante, só solta pipa com o filho em áreas seguras, devido ao receio de acidentes causados pelo cerol. Essa linha cortante representa uma ameaça séria para motociclistas e ciclistas, que são constantemente expostos ao risco de lesões graves, especialmente no pescoço e rosto.
Lei 17.201/2019: punições rigorosas contra o uso e venda de cerol
Desde 2019, a Lei 17.201 proíbe a fabricação, comercialização, posse e uso de cerol e outros materiais cortantes em linhas de pipa, como a linha chilena. Quem desrespeitar a lei pode pagar multa de R$ 2 mil; estabelecimentos que vendem cerol podem ser multados em até R$ 132 mil. Segundo Coronel Telhada, autor da lei, o objetivo é preservar vidas e minimizar os acidentes graves.
Apesar da medida, dados da Secretaria Estadual de Saúde revelam um aumento de 139% nos atendimentos médicos relacionados ao cerol, totalizando 1.326 casos entre janeiro e maio de 2023. O crescimento nas ocorrências reforça a necessidade de mais fiscalização e educação para evitar esses acidentes.
Medidas de proteção para motociclistas e ciclistas
Com o risco de acidentes, motociclistas e ciclistas têm adotado antenas de proteção como medida preventiva. Edson Oliveira, motoboy em São Paulo, utiliza duas antenas para reduzir o risco de ferimentos causados por linhas de cerol e defende que a conscientização deve ser ampliada. Ele acredita que a fiscalização é essencial para a efetividade da proibição.
Clébio Santana, socorrista que já escapou de um acidente com cerol, ressalta a importância das antenas como proteção essencial para quem circula em duas rodas nas áreas urbanas, onde o uso de cerol é mais frequente.
Conscientização: o futuro seguro da pipa
Com mais de três mil anos de história, as pipas fazem parte da cultura e da diversão de crianças e adultos no Brasil. No entanto, o uso do cerol ainda ameaça essa prática. Para Edson Oliveira, a legislação ajuda, mas é a conscientização que fará a diferença. Somente com campanhas educativas e fiscalização a tradição de soltar pipa poderá continuar sem comprometer a segurança das pessoas.