Em protesto contra o processo de cassação que enfrenta, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ocupou a cadeira da presidência da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (9). A ação durou cerca de uma hora e terminou com a retirada forçada do parlamentar pela Polícia Legislativa, em meio a forte tensão no plenário.
O gesto de Glauber ocorreu durante sessão presidida por Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente em exercício da Casa. Glauber, que é alvo de processo por quebra de decoro parlamentar após episódio envolvendo um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), resistiu à ordem de desocupação da cadeira e foi removido após determinação da Mesa Diretora.
A sessão teve a transmissão suspensa pela TV Câmara e pelo canal oficial no YouTube. Parlamentares, imprensa e assessores também foram removidos do plenário no fim da tarde. Deputados do PSOL acompanharam a ação, entre eles Sâmia Bomfim (SP), esposa de Glauber, e Tarcísio Motta (RJ).
O processo de cassação contra Glauber se refere a um episódio ocorrido em abril de 2024, quando ele teria empurrado e chutado um ativista do MBL durante protesto no Congresso. Em resposta, o deputado chegou a fazer uma greve de fome por uma semana, encerrada após acordo com Hugo Motta, que garantiu um trâmite regular e prazo para defesa.
Apesar disso, Motta confirmou que a votação do processo de cassação será realizada em plenário nas próximas semanas, após análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Além de Glauber, o presidente da Câmara anunciou que outros casos de possível cassação devem ser deliberados ainda este mês. Entre os alvos estão a deputada Carla Zambelli (PL-SP), o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Ramagem, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito da trama golpista, poderá perder o mandato diretamente por decisão do plenário, sem passar pela CCJ. Já Eduardo Bolsonaro enfrenta risco de cassação por ausência em mais de um terço das sessões após mudar-se para os Estados Unidos em março deste ano. Segundo Motta, ele excedeu o limite permitido no fim de novembro.
— O deputado Eduardo Bolsonaro tem o número de faltas suficientes para a cassação de seu mandato — afirmou o presidente da Câmara.
Processo pode redefinir composição da Câmara
Os desdobramentos desses processos sinalizam uma nova fase de tensão institucional entre os Poderes e dentro da própria Câmara. As deliberações em plenário nas próximas semanas devem revelar o posicionamento dos deputados frente a casos com forte impacto político e jurídico.

