O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em audiência de custódia no Supremo Tribunal Federal (STF), que uma “alucinação” e uma “certa paranoia” motivadas pela combinação de medicamentos o levaram a tentar danificar a tornozeleira eletrônica entre a noite de sexta-feira e a madrugada de sábado. Após o depoimento, a prisão preventiva do ex-mandatário foi mantida.
Segundo a ata da audiência, Bolsonaro disse que acreditou haver uma escuta instalada na tornozeleira e tentou abrir sua tampa. Ele declarou que usava dois medicamentos, pregabalina e sertralina, que teriam interagido de forma inadequada e provocado a sensação de perseguição. O ex-presidente também afirmou que começou a tomar um dos remédios quatro dias antes da tentativa de violação.
O ex-presidente reconheceu que utilizou um ferro de solda para separar partes da tornozeleira, mas disse que não conseguiu romper a cinta que prende o equipamento ao tornozelo. Ele afirmou ainda que sabe manusear o ferro por ter feito um curso. No momento da ação, segundo relatou, estavam na casa sua filha, um irmão e um assessor, todos dormindo, de acordo com sua versão.
Bolsonaro negou que a violação tenha relação com uma tentativa de fuga. Sobre a vigília convocada por seu filho e senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), apontada como um dos elementos considerados na decisão de prisão, disse que o ato ocorre a cerca de 700 metros de sua residência e que não teria potencial para facilitar uma fuga hipotética.
A juíza auxiliar Luciana Sorrentino homologou a prisão, destacando que Bolsonaro não relatou abusos ou irregularidades por parte dos agentes responsáveis pela detenção. O procedimento de audiência de custódia serve para avaliar o cumprimento dos direitos fundamentais e não o mérito da acusação.
O ex-presidente disse que iniciou a manipulação do equipamento “tarde da noite” e encerrou por volta de meia-noite, embora tenha dado outra versão na madrugada de sábado, quando afirmou que havia começado no “final da tarde”. Ele declarou que “caiu na razão” e desistiu da ação.

