Uma foto, que fora do real contexto, poderia apenas registrar um final feliz, no qual um casal se beija apaixonadamente, na realidade mostra uma cena muito mais inusitada. O homem da imagem é um réu que estava sendo julgado pelo crime de tentativa feminicídio, após disparar sete tiros e acertar cinco na sua então namorada, em agosto de 2019. A vítima é a mesma mulher que aparece o beijando nesta foto, feita na última terça-feira (28).
Lisandro Rafael Posselt, de 28 anos, foi condenado a sete anos de prisão pelo Tribunal do Júri, em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul. Ele foi preso um dia após o crime, mas após o julgamento permanecerá em liberdade, por não possuir antecedentes criminais e a pena aplicada ser menor que oito anos.
Ele foi condenado a cinco anos por tentativa de feminicídio privilegiado, por agir sob forte emoção, outros dois anos da pena foram aplicados devido a porte ilegal de arma.
Entretanto, o que chamou a atenção foi que a jovem que sobreviveu aos tiros, Micheli Schosser, pediu autorização e beijou o agressor, dizendo ainda que lhe perdoava, logo após prestar o seu depoimento. O que, segundo o advogado, ajudou na estratégia da defesa.
Para o promotor de justiça, Pedro Rui da Fontoura Porto, que atuou na acusação, a vítima apontou por várias vezes em seu depoimento que seria a responsável pelo descontrole emocional do então namorado. Ela ainda teria afirmado que a discussão ocorreu após ameaçá-lo de uma falsa denúncia de estupro.
Para o promotor, a versão não é verdadeira e mesmo que fosse, não seria privilegiadora, pois Lisandro teria saído do local e voltado depois com uma arma. A acusação deve recorrer para aumentar da sentença.
O CRIME
A jovem, que na época tinha 25 anos, e Lisandro teriam discutido em uma praça na cidade de Venâncio Aires, no dia 14 de agosto. Após a briga, ele saiu do local e retornou armado em uma motocicleta.
Amigos de Lisandro, que estavam com o casal no momento da discussão, perceberam a aproximação e empurraram Micheli para dentro de um carro, porém ele disparou setes vezes pelo vidro do veículo, acertando cinco disparos na vítima.
Ela foi socorrida e internada em um hospital da cidade, onde se recuperou.
No dia seguinte ao crime, Lisandro foi até a delegacia, acompanhado de um advogado e entregou a arma usada. Ele foi preso preventivamente e permanecia detido.
Enquanto Lisandro estava preso, Michelli teria pedido uma medida protetiva contra ele e depois pediu autorização para visitá-lo na cadeia, o que foi negado pela justiça.