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URC de Limeira utiliza tablet para aproximar pacientes das famílias

Um tablet, uma equipe empenhada e uma chamada de vídeo. É o suficiente para fazer a diferença na vida de internados na Unidade de Referência de Coronavírus (URC) em Limeira. Trata-se do projeto “Visita Digital”, implantado pela psicóloga Suelen Fernandes, cedida pela Santa Casa de Limeira, assim como vários outros profissionais de todos os hospitais da cidade, que atuam na URC desde o início das suas atividades com a supervisão da Secretaria de Saúde.

No início, com a chegada de uma profissional da psicologia, a diretora de Urgência e Emergência da Secretaria de Saúde, Maria Fernanda Olívio Dionizio, conta que a ideia era dar suporte aos profissionais que atuam na URC. Na linha de frente do enfrentamento, eles compartilham de muitos sentimentos com a apreensão diária.

Quando Suelen chegou, a URC tinha apenas uma UTI e a maioria dos pacientes estava inconsciente. Com a inauguração das enfermarias, ela também começou a dar atenção aos pacientes, embora o foco fossem os funcionários. “Começamos a perceber que o distanciamento da família e das pessoas que os pacientes amam causava grande prejuízo emocional, principalmente por causa da ansiedade”, conta.

Suelen, então, pediu autorização à coordenação da URC para fazer uma ligação do celular dela para um paciente, e foi atendida. Celulares não são autorizados. Visitas presenciais de familiares somente ocorrem em algumas situações. A preocupação é evitar ainda mais contaminações.
A coordenação passou a autorizar outras chamadas supervisionadas. Relato dos pacientes à psicóloga é de que o momento da “Visita Digital” é mais esperado do dia. O projeto hoje é muito requisitado. “Assim que os pacientes da UTI são extubados, os próprios médicos pedem que façamos o contato com as famílias. E isso tem ajudado muito”, diz a psicóloga.

Suelen conta que a autonomia dada aos profissionais da saúde dentro da URC foi engrandecedora. As “visitas” por meio do tablet acontecem de segunda a sexta-feira. Todos os pacientes dos leitos clínicos podem participar do projeto. Não é obrigatório. Alguns, no início, chegam a recusar por timidez, ou preferem ligação sem vídeo.

A ansiedade da família, conta a psicóloga, também é amenizada com esse projeto.

DIAS INTERMINÁVEIS
Há paciente que fica internado por três dias, têm os que ficam uma semana, mas também têm os que precisaram de até mais de um mês para se recuperar. São dias muitas vezes intermináveis para eles, que estão ali para cuidar do físico, mas o emocional também é determinante para a recuperação. Suelen não tem dúvida da diferença que a “Visita Digital” faz na recuperação destes pacientes. Ela relatou o caso de um paciente que ficou vários dias intubado na UTI. Quando houve a extubação, ainda na UTI, aconteceu a primeira chamada de vídeo com a família. A psicóloga conta que se surpreendeu ao ver como o paciente se revigorou. Dois dias depois, o médico a chamou e pediu para ela tentar uma nova chamada de vídeo. “Outros dois dias depois ele estava na enfermaria. O paciente me contou que ter visto a família fez surgir nele uma energia muito grande”. O idoso ficou internado mais de 30 dias, se recuperou e já teve alta.

“Essa doença também afeta muito o emocional”, relata paciente

Gilson Persike, 54 anos, tem falado com a esposa praticamente todos os dias. Ele é pastor e está internado desde a semana passada. Quando chegou à URC, ele conta que estava com falta de ar, tosse, mal-estar geral, sem forças para nada, totalmente sem paladar. “Eu já tinha a confirmação de Covid, mas vi que muita gente estava se recuperando bem. Pensei que seria da mesma forma, mas não! Cada caso é diferente”. Gilson só piorou e precisou ser levado ao hospital.
Ele conta que não tinha outros problemas de saúde e sempre levou uma vida saudável. “Mesmo assim, a tomografia mostrou que fiquei com 40% dos pulmões comprometidos”. Mas não foi só isso. Quando internou, diz que estava com a “cabeça ruim”. “Essa doença não envolve só o físico, mas também o psicológico. Tem que estar focado para sair bem daqui. Além da doença, envolve noites mal dormidas e experiências tristes, como a morte de colega de quarto. Então, tem que estar com o emocional muito bem trabalhado. E esse trabalho oferecido aqui tem nos ajudado muito. Quando estamos aqui, precisamos muito de um abraço, mas não pode. Mas tem a Suelen com a nossa família pelo tablet e as energias são renovadas”.

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