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Unicamp cria diagnóstico de fibrose cística com maior precisão

Um grupo de pesquisadores da Unicamp desenvolveu um método não invasivo de diagnóstico de fibrose cística. A doença, que gera desequilíbrio na concentração de cloro e sódio nas células produtoras de secreções do corpo, poderá ser descoberta através de um procedimento mais simples e preciso de coleta de amostras biológicas.

De acordo com estimativas da Cystic Fibrosis Foundation, cerca de 70 mil pessoas no mundo vivem com a fibrose. O principal sintoma é a produção de muco exageradamente espesso, que não é devidamente eliminado pelo organismo e se acumula em diversos órgãos, como pulmões, pâncreas, fígado e intestino.

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Até então, os testes para descobrir se uma pessoa tem ou não a doença são feitos por meio de procedimentos caros, demorados e realizados em laboratórios especializados de genética molecular, uma vez que é necessário reconhecer mutações de genes desde o nascimento.

Um segundo teste também pode diagnosticá-la com base nas análises de concentração de cloro no suor do paciente. No entanto, ele pode causar desconforto, sobretudo, para bebês e crianças. Isso porque o procedimento induz a transpiração da pele do antebraço por meio da aplicação de uma substância no local seguida de uma corrente elétrica para estimular a sudorese.

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o trabalho dos pesquisadores chegou a ser publicado em uma revista internacional sobre pediatria.

“Trata-se de uma nova metodologia de rastreamento, capaz de diagnosticar por marcadores de pele a fibrose cística sem necessidade de causar sofrimento ao bebê e de outros processos de coleta de amostras biológicas”, explica Rodrigo Catharino, professor da Unicamp, coordenador do Laboratório Innovare de Biomarcadores e orientador do estudo.

Testagem inédita e patenteada
Uma vez que os testes habituais possuem limitações, os pesquisadores levantaram a hipótese de desenvolver biomarcadores (indicadores químicos do estado da doença) a partir de amostras biológicas da pele.

Para isso, foram selecionados 16 pacientes diagnosticados com fibrose cística, atendidos no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Unicamp, e 16 pacientes saudáveis. O intuito foi sobrepor placas de sílica no dorso dessas pessoas por um minuto a fim de extrair moléculas presentes na superfície.

Todas essas amostras foram analisadas a partir da separação de moléculas. Os resultados foram satisfatórios: sete moléculas diferentes foram identificadas nos pacientes com fibrose cística, associadas a disfunções metabólicas observadas na doença, que podem ser marcadores químicos cutâneos.

“Os biomarcadores que identificamos não são somente relacionados à glândula do suor, mas ao desbalanço iônico pelo qual o organismo afetado pela doença passa por conta da mutação genética. Isso faz com que o novo método seja mais específico do que o teste de suor”, disse Cibele Zanardi Esteves, principal autora do estudo.

Os pesquisadores patentearam o método e pretendem aplicá-lo agora para avaliar outras mutações relacionadas à doença para assim ser validado e comercializado. A ideia, desse modo, é que o novo teste possa ser utilizado em casos de recém-nascidos com suspeita de fibrose cística. Será preciso apenas a aplicação da placa recoberta com sílica sobre a pele da criança, sem a necessidade de estimulá-la a suar.

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