A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) batizou o prédio principal da Faculdade de Educação, uma das mais conceituadas da área no País, com o nome do educador e filósofo Paulo Freire (1921-1997), que nos últimos anos vem sendo criticado por grupos conservadores e apareceu até mesmo no programa de governo de Jair Bolsonaro, que diz querer “expurgar Freire das escolas brasileiras”.
A homenagem foi uma iniciativa dos estudantes do mestrado profissional da faculdade. Eles propuseram batizar o prédio, onde Freire foi professor por dez anos (de 1981 a 1991) no Departamento de Ciências Sociais na Educação.
Nima Spigolon, coordenadora do mestrado profissional, explicou que a nomeação seguiu todo o processo institucional, com a coleta de 800 assinaturas de docentes, estudantes e funcionários. A proposta depois foi encaminhada para aprovação na instância máxima da unidade, a congregação da faculdade.
Críticas
Em 2012, foi concedido a Freire o título de patrono da educação brasileira. Grupos conservadores tentaram anular no congresso o título, mas a iniciativa foi derrubada em 2017.
Bolsonaro ainda durante a campanha eleitoral já criticava o educador e seu método de alfabetização. O presidente chegou até mesmo a anunciar que deseja mudar o patrono da educação brasileira.
Apesar das críticas, o método e filosofia de Freire tem influência em algumas das melhores escolas do País. Além disso, ele é o intelectual brasileiro que tem o maior reconhecimento.
O principal livro de Freire, “Pedagogia do Oprimido”, está entre as cem obras mais citadas em língua inglesa, segundo o Google Scholar, ferramenta de literatura acadêmica. É o único brasileiro nessa lista. Na área de educação, aparece como o segundo com o maior volume de citações científicas (72,4 mil).
FOTO: Divulgação/Unicamp