A operação que reuniu agentes das polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal contra o roubo de carga cumpriu hoje (1) 16 mandados de prisão na Baixada Fluminense. Segundo a Polícia Civil, três pessoas morreram em confronto com os agentes.
Os policiais buscavam cumprir 65 mandados de prisão em São João de Meriti e no complexo do Parque Roseiral, em Belford Roxo, que era o destino da carga roubada principalmente na Rodovia Washington Luís (BR-040).
A operação também buscava cumprir 85 mandados de busca e apreensão e encontrou cinco armas ilegais, sendo quatro pistolas e um revólver calibre 38. Duas motocicletas roubadas também foram apreendidas.
Segundo o delegado assistente da Delegacia de Combate às Drogas (Decod) Vinícius Domingo, o complexo ainda tem características rurais e se tornou alvo da quadrilha pela proximidade com rodovias e a possibilidade de descarregar produtos roubados.
“O que antes era uma comunidade que não tinha um alto grau de criminalidade acaba sendo escolhido pelo tráfico para poder receber esses ladrões de cargas. Com isso, eles fazem a divisão de lucros”.
Os criminosos que migram para a Baixada Fluminense para praticar roubo de cargas, segundo Vinícius Domingo, muitas vezes buscam crescimento nas facções e utilizam a experiência reunida em locais como os complexos do Chapadão e Pedreira, de onde o roubo de cargas começou a se espalhar.
Ao adquirirem o controle territorial sobre as comunidades, eles conseguem proteger as cargas roubadas e oferecerem a receptadores, que podem ser desde moradores das comunidades e pequenos comerciantes e ambulantes até supermercados e lojas de maior porte.
“O tráfico de drogas e o roubo de cargas andam juntos, porque os ladrões de cargas precisam de uma área protegida pelo tráfico para fazer o transbordo e a venda da carga. Se for um local em que não há proteção, a polícia chega lá com rapidez grande.”
A investigação durou cinco meses e começou apurando o crime de roubo de cargas, mas logo identificou que a quadrilha também praticava tráfico de drogas. O delegado Moyses Santana, da 64ª Delegacia de Polícia (São João de Meriti), destacou que o roubo de cargas confere mais poder econômico às quadrilhas, especialmente às instaladas em locais onde há menor demanda pela venda de drogas.
“O roubo de cargas comprovou-se o carro-chefe das facções criminosas. Hoje, por meio do roubo de cargas, elas auferem lucros para se armarem”, disse, acrescentando que os alvos de hoje eram os ladrões, mas também há investigações contra os compradores da carga. “Um trabalho que a gente também vem tentando realizar é identificar esses receptadores, que são quem fomenta essa espécie de crime.”
Moyses Santana disse que a hostilidade dos criminosos e a falta de identificação das ruas e de numeração das residência dificultam o cumprimento dos mandados em locais como as favelas onde foram feitas as buscas de hoje. Os criminosos que não foram encontrados serão alvos de novas buscas.
Entre os criminosos procurados está o acusado de chefiar o tráfico de drogas no Parque Roseiral, conhecido como Coroa. Segundo o delegado da 64ª DP, ele já responde por crimes como homicídio e roubo, além de tráfico.
Dos 16 mandados de prisão cumpridos hoje, quatro foram contra criminosos que já estavam presos, mas contra os quais pesa ligação com os crimes praticados pela quadrilha. “Esses quatro poderiam estar saindo da rua amanhã, mas não vão mais. Vão responder por mais um crime”, disse Moyses Santana, que considerou a operação bem-sucedida. “O roubo de cargas vem impactando uma mancha criminal muito grande naquela comunidade, e a operação de hoje deu um baque grande nessa organização criminosa. A gente espera que venha a reduzir os índices.”