Nesta segunda-feira (8), a tragédia do Ninho do Urubu, que matou dez jovens, inclusive o limeirense Rykelmo de Souza Viana, completa dois anos e nenhum acusado preso. O incêndio aconteceu no Centro de Treinamento do Flamengo, no Rio de Janeiro, em 8 de fevereiro de 2019.
O sonho de dez adolescentes foi interrompido tragicamente. Entre as vítimas, estava Rykelmo Viana, de 16 anos, limeirense que buscava o sonho de ser jogador de futebol profissional e que tinha um futuro brilhante pela frente.
José Lopes Viana, de 60 anos, relembra muito emocionado o quanto seu filho Rykelmo, lutava para se tornar atleta profissional. Hoje, o pai de Rykelmo segue trabalhando como cabeleireiro, no bairro da Cecap, como faz repetidamente nos últimos 30 anos. O pai, que sofre em datas especiais, como aniversário de seu filho, revelou que tem dias em que não consegue ir trabalhar, só de se recordar da tragédia.
Desde aquele dia, nem mesmo conseguiu assistir jogos de futebol na televisão sem se emocionar. Nem suas partidas de terça-feira não foram as mesmas.
Um dos momentos especiais em que o pai de Rykelmo se lembra com orgulho do filho, é quando ele ainda pequeno estava prestes a iniciar uma partida importante pelo Clube dos Metalúrgicos, foi até o alambrado do campo dos Papeleiros e pediu para seu pai amarrar o calção e também para que José Lopes o abençoasse para a partida daquele dia.
Durante a entrevista, José Lopes pediu uma pausa, pois, muito emocionado não conseguia mais falar sobre o assunto.
Ele lembrou o porque foi um dos primeiros a fechar acordo com o clube. “Eu falo da dor que estou sentindo, minha vida não é mais a mesma depois que meu filho morreu”, descreveu o pai de Rykelmo. “Dinheiro nenhum paga esse sofrimento que sinto. Da minha parte fiz o acordo (com o Flamengo) para que tudo acabasse logo, para eu ter um pouco de paz”, contou emocionado.
Já a mãe de Rykelmo ainda briga na Justiça e não aceitou o acordou com o clube.
ATUALIZAÇÃO DO CASO
Em janeiro de 2021 o Ministério Público (MP) denunciou 11 pessoas à Justiça do Rio pelo crime de incêndio culposo qualificado. Sendo que um dos principais denunciados, é o ex-presidente do Flamengo, Eduardo Carvalho Bandeira de Mello. Os denunciados estão sujeitos à prisão de 1 ano e 4 meses a 4 anos, ao final do processo.
O processo segue em tramitação na 36ª Vara Criminal do Rio de Janeiro.
Com relação às indenizações para as famílias das vítimas, a Justiça do Rio atendeu um pedido do Flamengo para extinguir o pagamento às famílias que ainda não fizeram acordo com clube e que o atleta morto seria hoje maior de idade. Para as famílias daqueles que atualmente não teriam completado 18 anos e que também não fizeram acordo extrajudicial com o clube, a Justiça decidiu pela redução do valor da pensão de R$ 10 mil para cinco salários mínimos (atualmente equivale a R$ 5.500).