O presidente Michel Temer inaugurou hoje (14) a primeira etapa da construção do Sirius, o acelerador de elétrons considerado o maior empreendimento da ciência brasileira, na cidade de Campinas, interior de São Paulo. O presidente disse que o Sírius vai ser exemplo para o mundo todo. “Se não tivessemos feito nada no nosso governo, mas concluído o projeto que inauguramos hoje, já teríamos feito muito pelo país”.
“Sempre se diz que o Brasil é o país do futuro. Eu diria que, face a essa inauguração, o futuro já chegou. O Brasil, o estado de São Paulo, a ciência e Campinas engrandeceram”, disse o presidente. Temer destacou que o projeto, totalmente nacional, contou apenas com fornecedores brasileiros. “Presenciamos um Brasil que avança a passos largos, e passa a integrar o seletíssimo grupo de países que dispõem de um acelerador de elétrons de quarta geração”, declarou.
Nesta fase do projeto foram concluídas as obras civis e o prédio que abriga a infraestrutura de pesquisa. Dois dos três aceleradores de elétrons estão concluídos. Esses equipamentos geram a luz síncrotron, de altíssimo brilho, capaz de revelar estruturas de materiais orgânicos e inorgânicos, como proteínas, vírus, rochas, plantas, ligas metálicas, em alta resolução.
Com a tecnologia, feixes de elétrons com espessura 35 vezes menor que um fio de cabelo são acelerados até atingir velocidade próxima à da luz, de 300 mil quilômetros por segundo. Os elétrons viajam em túneis de ultra alto vácuo, guiada por mais de mil ímãs, numa circunferência de 518 metros. Isso pode trazer avanços nas áreas da saúde, agricultura, energia e meio ambiente.
Os conhecimentos adquiridos a partir desse equipamento permitirão avanços em áreas como as de eletrônica, nutrição, meio ambiente, energia, arqueologia, segurança, medicina, entre várias outras. Será um laboratório aberto à comunidade científica internacional porque sabemos bem que as grandes descobertas são obras de grandes parcerias”, disse ele ao destacar a atração que o empreendimento terá, também, para o setor industrial.
De acordo com o diretor-geral do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, Antônio José Roque, os benefícios do laboratório vão bem além da análise de materiais orgânicos e inorgânicos. “Esse projeto envolve também a formação de recursos humanos, tanto dos profissionais ligados ao projeto como de pessoas que vão se utilizar dele”.
Cronograma
A nova etapa do projeto está prevista para o segundo semestre de 2019, com a abertura das seis primeiras estações de pesquisa. O projeto completo inclui outras sete estações, denominadas “linhas de luz, que entram em operação até 2021. Entretanto, o modelo foi desenhado para permitir upgrades no futuro, que permitem ampliação para até 38 estações experimentais.
Estrutura
O Sirius fica num prédio de 68 mil metros quadrados, o equivalente a um estádio de futebol. Tem altos níveis de padrões de estabilidade mecânica e térmica. Para garantir estabilidade e prevenção de vibrações, foi necessário que o piso se constituísse em uma única peça de concreto armado de 90 centímetros de espessura e precisão de nivelamento de menos de 10 milímetros. A temperatura também não varia mais que 0,1 grau Celsius.
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, disse que o feixe de luz começa a circular a partir de hoje em fase experimental. Na próxima semana, os cientistas ocuparão as suas salas nos laboratórios e instalações de pesquisa, que serão abertos às comunidades científica e industrial. A pesquisa efetiva terá início no próximo ano.
Para o ministro da Educação, Rossieli Soares, o Sírius é o Maracanã da pesquisa e tecnologia. “Temos aqui uma sementinha plantada para a instituição de ensino superior, para a formação de profissionais, cientistas, que vão contribuir para o crescimento do nosso país”.
Financiado pelo Ministério de Ciência Tecnologia, Inovações e Comunicações, o Sirius foi orçado em R$ 1,8 bilhão. Até agora, cerca de R$ 1,12 bilhão foram repassados para o projeto, sendo R$ 282 milhões em 2018.