O presidente Michel Temer esteve em Limeira no sábado (2) para a entrega de 900 unidades habitacionais. Em entrevista a jornalistas, durante a visita, Temer afirmou que caso seja aprovada a reforma da previdência, ao longo de dez anos, haverá uma economia de R$ 480 bilhões.
Para tentar aprovar a reforma da previdência, a semana será de reuniões e articulações da base para reunir os 308 votos de parlamentares necessários para aprovação, na Câmara. Será uma semana de “mobilização total”, disse um interlocutor do governo.
O governo precisa trabalhar rápido, porque o último dia de atividades no Congresso, antes do recesso parlamentar, é 22 de dezembro.
VOTO CONTRÁRIO
Por outro ladro, o deputado federal Miguel Lombardi (PR), conversou com a equipe do Rápido no Ar e disse ser contrário a reforma proposta pelo atual governo, pois ela mantém privilégios na aposentadoria da classe política, de membros do Judiciário e das Forças Armadas. Eu sou contra estes privilégios. Uma reforma da Previdência que só penaliza os mais pobres é injusta. Por isso eu voto contra esta reforma, disse o deputado.
REUNIÕES
Neste domingo (3) o dia foi de reuniões para tentar reunir os votos necessários. O primeiro dos dois encontros que fez, Temer já deixou acertado que fará uma nova reunião na quarta-feira, 6, à noite com presidentes de partidos e líderes da base, novamente no Alvorada, para uma avaliação melhor se será possível ou não colocar a reforma da previdência em votação na semana do dia 11.
Participaram do almoço deste domingo no Alvorada os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral), Maurício Quintella (Transportes), Marcos Pereira (Indústria e Comércio), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia). Além disso, estiveram presentes o senador Ciro Nogueira (PP-PI), o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
No almoço, além da reforma da Previdência, as conversas sobre cenário eleitoral e de alianças para 2018 também fizeram parte do cardápio.
ESFORÇO
Mais tarde, Temer, ministros e um grupo maior de aliados se encontram novamente na casa de Rodrigo Maia para “aferição” e diagnóstico da base aliada. O governo quer investir nesta semana em articulações e fazer um “pente-fino” para atender demandas e tentar angariar os 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição.
Mesmo diante das evidências cada vez mais claras em torno da dificuldade de aprovação da reforma da Previdência ainda este ano, auxiliares do presidente dizem que o governo não tem razões para jogar a toalha e que vai continuar empenhado para conseguir os 308 votos para que a proposta avance ainda em 2017.
O calendário curto é o principal adversário e o objetivo é votar o texto, “pelo menos” o primeiro turno, até o dia 13 de dezembro A depender do resultado, o governo vai intensificar as negociações “com todas as forças” para a matéria ser votada no segundo turno até o dia 20.
Auxiliares do presidente reconhecem a dificuldade em conseguir votos, mas reiteram que o governo vai investir o máximo de energia nas articulações das próximas duas semanas. O discurso do Planalto da necessidade da reforma tem sido repassado aos parlamentares neste trabalho de convencimento.
Esse quadro dramático foi apresentado em tabelas entregues a parlamentares pelo presidente Michel Temer e ministros para defender a votação da PEC ainda este ano. Os números mostram o que acontece com os gastos públicos em dois cenários até 2036: com e sem reforma.
No cenário sem a reforma, só caberão dentro do limite do “teto” os gastos com Previdência e assistência, os salários do funcionalismo e uma parte dos gastos com abono e seguro-desemprego. O levantamento mostra que outras despesas, como o custeio de Saúde e Educação, precisariam ficar de fora dos gastos do governo, o que é uma hipótese impensável.
Já num cenário em que a Previdência tenha sido reformada, os gastos com benefícios previdenciários e assistenciais cresceriam menos, o que permitiria acomodar dentro do teto os outros itens de despesa.
Mostrar aos parlamentares a ameaça aos gastos com Saúde e Educação é uma tentativa do governo de sensibilizá-los para apoiar a reforma. Os dados sustentam o argumento do governo de que as mudanças na Previdência são em benefício dos mais necessitados, pois liberam recursos para outros programas federais.
A “campanha” para o convencimento dos deputados inclui também apresentações sobre a recuperação em curso da economia: com dados sobre queda da inflação e crescimento do PIB, por exemplo. O governo quer reduzir o receio dos parlamentares de perderem apoio junto ao eleitorado por apoiar as mudanças na Previdência.