Um novo estudo conduzido por pesquisadores vinculados à Associação Americana do Coração, aponta que o isolamento social e a solidão não afetam apenas o cérebro, como também o coração, elevando o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) em até 30%.
Os pesquisadores chamam atenção ainda para como o impacto da solidão pode ser mais significativo em idosos e a chamada Geração Z, jovens adultos que nasceram depois de 1995.
Isso porque uma pesquisa da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, descreve a geração como a mais solitária, atribuindo o fenômeno ao maior uso de mídias sociais e ao menor envolvimento em atividades pessoais significativas. Já entre os idosos, os cientistas destacam que fatores como se tornar viúvo e a aposentadoria levam a um maior isolamento, com estimativas apontando para cerca de 22% a 47% dos americanos com mais de 65 anos relatando sentimentos de solidão.
Os especialistas analisaram diversos trabalhos publicados em quatro bancos de dados sobre isolamento social, solidão e o impacto na saúde do coração até julho de 2021.
“Mais de quatro décadas de pesquisa demonstraram claramente que o isolamento social e a solidão estão associados a resultados adversos à saúde. As evidências são mais consistentes para uma ligação entre isolamento social, solidão e morte por doença cardíaca e acidente vascular cerebral, com um aumento de 29% no risco de ataque cardíaco (infarto) e/ou morte por doença cardíaca, e um aumento de 32% no risco de acidente vascular cerebral (AVC) e morte por acidente vascular cerebral. O isolamento social e a solidão também estão associados a pior prognóstico em indivíduos que já têm doença coronariana ou acidente vascular cerebral”, diz a autora do estudo, em comunicado.
No novo estudo, o conceito de isolamento foi definido como ter contato pessoal pouco frequente com pessoas para relacionamentos sociais, como familiares, amigos ou membros da mesma comunidade. Já a solidão foi associada ao sentimento de estar sozinho ou ter menos conexão com os outros do que o desejado.
“Embora o isolamento social e a solidão estejam relacionados, não são a mesma coisa. Indivíduos podem levar uma vida relativamente isolada e não se sentirem solitários e, inversamente, pessoas com muitos contatos sociais ainda podem sentir solidão”, explica a autora da pesquisa.
Dados apontaram que pessoas que já tinham doenças cardiovasculares, mas estavam socialmente isoladas, tiveram um risco de morte de duas a três vezes maior durante um período de seis anos. Adultos que viviam situações de isolamento social, com três ou menos contatos com outras pessoas por mês, tiveram um risco 40% maior de AVC recorrente ou infarto.