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Sobre viver, amar, perdoar, abraçar…

Ô ano que começou duro! Implacável! Não nos poupou de nenhum sofrimento até agora. Assistimos atônitos às tragédias destes primeiros dias… sofremos com uma cidade inteira, com a natureza, com o rio, com a negligência, com o descaso. Ficamos tensos pelos bombeiros e suas vidas e nos sentimos amparados por tê-los. Afinal, como dizem: “Nós nunca deixaremos a vítima com ou sem vida para trás”. Nos poucos dias deste ano, a água levou consigo vidas, trouxe sofrimento e dor. Em seguida o fogo veio para ceifar sonhos, vidas, talentos, nos levar a jovialidade embora… passamos o final de semana pensando: “Uau, quanta dor!”, mas a segunda veio nos mostrar que ‘o ar’ também nos abrevia a vida, nos leva sonhos, nos cala!

Proponho que possamos ir além da obviedade do aprendizado mais básico que tivemos até agora: vamos nos precaver, vamos olhar para a segurança das pessoas ao nosso redor, não economizemos no básico que pode evitar uma tragédia e toda vida abreviada pela negligência é uma tragédia!

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Mas que tal olharmos para a vida que vivemos? Uma amiga, mestra incrível, um ser humano único completará 60 anos de uma vida intensa e cheia de amor, de doação, de dedicação, de superação, começou a fazer uma série divertida e cheia de lições de vida, dos 365 dias que antecedem seus sessenta lindos anos. Está disponível no “Youtube” e Facebook, com o título “Envelhecendo” – Dra. Luciana Maria Castrillon. Convido a todos para assistirem e descobrirem quão especial é nossa vida! No vídeo de número 190, ela disse algo que me impactou profundamente: “EXISTIR ACONTECE NUM ESPAÇO DE RELAÇÃO COM AS PESSOAS.”. Sim, existimos em conjunto, existimos próximos uns dos outros, existimos porque nos amamos, nos damos suporte, somos o apoio um do outro. Existimos porque apesar da distância física (que pode acontecer), lemos como li de uma querida amiga de faculdade: “Minha mão estará sempre estendida para você.”, Raquel Cassoli em Jaú e eu em Limeira, mas uma mão estendida, um ouvido carinhoso, uma amizade gostosa, faz toda a diferença.

Poeta é poeta, né? E como bem disse o poeta Tom Jobim: “A gente leva da vida, a vida que a gente leva.”

Faz sentido, não? A gente não leva da vida bens acumulados, roupas de grife, fotos em festas badaladas, a gente não leva da vida glamour, status … não leva…
O que levamos mesmo da vida, o que preenche nossa vida, são os vínculos que construímos, são as amizades que fazemos, é o amor que colocamos em todas as nossas ações. São relações que perduram, amizades que seguem e edificam, aprendizados de amor, são as bondades que fazemos sem olhar a quem e sem muito julgamento sobre merecimentos…

Quando penso, por exemplo, na Luciana, minha mestra da faculdade, tanto ensinou sobre Psicologia e sobre amar ao próximo, sobre ser intensa e dedicada, meu coração se aquece, pois poderia ter findado o contato lá atrás, na formatura da graduação, mas não, segue aqui, próxima (apesar de muito distante fisicamente), mas segue sendo amor, sendo amiga, sendo mestra, ouvindo, ensinando, escutando …

Quando olho para minha vida, percebo que tenho muito, mas muito, pois tenho amor, tenho cuidado, tenho olhinhos que me veem com tanto amor e admiração, que chagam a enrubescer. Tenho uma vida construída ao lado de alguém que não me completa, afinal sou completa, mas que optou por viver ao meu lado, apesar de meus muitos defeitos, conhecendo cada um deles, mas me amando apesar disso. Quando olho para minha vida percebo que conheço o amor desde sempre, meus pais me receberam com amor, como se fosse um presentinho, fui crescendo e apesar do presentinho vir com ‘defeitinhos’ sempre fui amada, admirada e elogiada. Sempre tive com quem contar! Quando vejo meu irmão, percebo que Deus abusou da generosidade! Me deu um irmão incrível! Bom, desprendido, simples, amoroso, preocupado, me deu mais dois pares de olhinhos, que me olham com amor, cuidado e alegria.

Amigos não são muitos, são poucos aqueles que conhecem a fundo e tudo, que gostam apesar disso. Amigos que conhecem menos, têm muitos e são especiais, pois também dividem a vida, sorrisos, carinho, isso aquece a alma, isso é combustível para o dia a dia.

Pessoas difíceis? Falta de empatia? Fofoqueiros de plantão? Mentirosos da vida alheia? Pessoas que só enxergam seus umbigos (aquelas da síndrome: “Meu umbigo é o sol e a Terra gira em torno de mim”), está lotado por aí. Alguns a vida nos dá ‘de presente’! Afinal seria muito bom e perfeito só termos os melhores! Esses sim, são o exercício, o aprendizado, o amadurecer, o colocar em prática ao amor que recebi, a empatia que aprendi a desenvolver e a maturidade que constantemente é preciso fazer crescer.

Para eles, inicialmente o perdão. Sim, “perdoe os outros, não porque eles merecem perdão, mas porque você merece paz.” (desconheço o autor), mas o perdão é assim: difícil, pois precisamos ‘deixar pra lá’, compreender que o outro ‘calça sandálias diferentes das nossas’ e, pode ser que, por essa razão, sua ação seja assim. Perdoe, não carregue mágoa dentro de si! Busque a paz.

A ‘distância segura’ também pode ser uma alternativa às pessoas difíceis, tão diferentes de nós, já previamente desculpadas… não precisamos manter amizade, contato, enfim, podemos apenas adotar postura neutra, comum e ética.

Lembrando da efemeridade de nossas vidas, convido-os a viver a plenitude dela: amando, recebendo amor, sendo gratos (até pelas adversidades), sendo felizes, buscando diálogo, construindo pontes e não muros!

Encerro com convite a reflexão, a partir do eterno Tim Maia: “De jeito maneira, não quero dinheiro, quero amor sincero, isto é que eu espero. Grito ao mundo inteiro, não quero dinheiro, eu só quero amar, amar (…)”

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