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Sobre ser forte…

Há alguns dias atrás li uma frase já conhecida de Johnny Depp: “Você nunca sabe a força que tem, até que a sua única alternativa é ser forte”. Todas as vezes que a leio ou ouço penso em quão verdadeira é.

A vida requer de nós força, quase sempre nos exige muita força, mas muita mesmo. São muitos os desafios que dia após dia nos obrigam a sermos fortes, a sermos firmes, a sermos resilientes, a nos re-inventarmos para não sucumbirmos.

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Quando falamos sobre força, nos dá até um arrepio, pois nem sempre conseguimos ser fortes, nem sempre conseguimos não chorar, não nos entristecermos frente aos problemas que nos atropelam ‘sem dó ou piedade’. A impressão que temos, muitas vezes, é de estarmos em uma areia movediça e todo e qualquer movimento nos faz afundar mais. Podemos sentir nossas forças nos abandonando, nossa coragem nos deixando, nosso medo ficando agigantados.

E pensando em força, me lembrei de Padre Fábio de Melo, que diz que “nos dias de hoje, cada vez mais, acentua-se a necessidade de ser forte. Mas não há uma fórmula mágica que nos faça chegar à força sem que antes tenhamos provado a fraqueza.”.

Ufa! Que alívio, não é? Os fortes tornam-se fortes, passando e aprendendo com a franqueza. Isso quer dizer que tudo bem chorarmos, que tudo bem nos chatearmos, que tudo bem ficarmos frágeis, pois isso nos faz, em tese, ‘pessoas fortes em formação’.

Desde sempre os problemas surgem em nossas vidas, sem aviso prévio, sem dizer a que vieram e quantas vezes, sem um porquê, entretanto hoje em dia, parece que eles surgem mais, com mais frequência, são maiores…

É verdade! Os anos passaram, a tecnologia evoluiu, o mundo mudou e nós, desamprendemos algumas coisas tão importantes, como por exemplo: pedirmos ajuda, nos mostrarmos frágeis, falhos e humanos. Não é raro escutarmos: “Áh, perdi meu emprego, mas está tudo bem, acontece, compreendo: é o mercado.”, “Fui traído, mas estou bem, sei que acontece com todos.”, “Estou perdido (a), mas tenho de achar a saída sozinho (a), afinal, não vou mostrar fragilidade.”, dentre outras.

Hoje em dia o sucesso, a felicidade, a vitória, estar bem, acertar sempre, não perder nunca, não chorar é quase que uma exigência. Uma exigência? De quem? Por que? Pra que?

Precisamos poder chorar, poder dizer que estamos frágeis, que estamos com problemas, que precisamos de ajuda, devemos fazer isso, pois passarmos pelos problemas que nos atropelam é muito difícil, respirarmos em meio ao caos é um desafio, sorrirmos machucados e com dor é quase impossível e nos obrigarmos a isso é uma agressão!

Além de buscarmos saídas para nossos problemas, enfrentamento para nossas dores, força para nossas fraquezas, devemos descobrir os amigos que temos, sim, aqueles que são nossos e estão conosco. Como dizia Confúcio: “Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela desgraça. No sucesso, verificamos a quantidade e, na desgraça a qualidade.”. Não enfrentemos nossas dores e nossos piores momentos (os desertos da vida) sozinhos, isso não faz de nós mais fortes, mas sim, faz de nós mais solitários.

Peça ajuda, se precisar, chore se a tristeza for grande, fique chateado se algo lhe magoou. Seja humano. Se permita sentir as dores e às delícias de sermos humanos, como disse Caetano Veloso. Seja também amigo, compreensivo, seja um ombro amigo e um ouvido carinhoso para os que lhe pedirem.

Os problemas não desaparecem com essas ações, mas carrega-los se torna menos penoso.

Encerro a coluna de hoje com um convite a reflexão: “Você ganha força, coragem e confiança através de cada experiência em que você realmente para e encara o medo de frente.” Eleanor Roosevelt

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