Hoje cedo, correndo os olhos em meu facebook, deparei-me com uma frase que me fez pensar sobre nossas falhas, nossas exigências e nossa definição de fracasso: “Uma falha nem sempre é um erro, pode ser apenas o melhor que conseguimos fazer sob certas circunstâncias. O erro real é parar de tentar.” Skinner, 1990.
Vivemos em tempos onde falhas são duramente criticadas, apontadas e corrigidas publicamente, por pessoas, que, certamente, não falham nunca, penso eu, em minha cabecinha, que falha tantas vezes, que toma decisões erradas outras tantas e que coleciona um ou outro arrependimento…
Mas, apesar desta realidade, eu não paro de tentar, de agir e de buscar acertar, a persistência é a chave para o acerto.
Durante esta semana ficamos estarrecidos quando soubemos de um colégio particular que fez uma espécie de dinâmica com os alunos do ‘terceirão’. Eles foram vestidos de garçons, porteiros, garis, funcionários de fast food, etc e usaram o slogan: “caso nada dê certo” (ou coisa parecida), ou seja, caso não passassem no vestibular, poderiam recorrer a estas profissões. Chocou-nos! Como assim? Não deram certo os profissionais acima citados? DERAM SUPER CERTO! Só teriam dado errado, se eles tivessem parado de tentar, parado de agir, parado de trabalhar e de procurar crescer, melhorar, progredir, apesar das dificuldades e dos erros que possam vir a cometer, da desigualdade de oportunidades que talvez enfrentem.
Cobramo-nos muito, a sociedade em geral nos cobra demais, exige acertos e sucessos declarados e muitas vezes, somos ‘aconselhados’ a desistir, partir para outra. Somos imediatistas, queremos para agora.
Pense na escola? Se não der certo a aprovação no vestibular este ano, se o aluno não entrar na faculdade pretendida, por que não investir no “tente outra vez, outras vezes, se preciso for, estude, batalhe”, ao invés de dar o recado mais preconceituoso possível?! Será que o garçom não faz a faculdade de dia e trabalha à noite para custear esse estudo? Seria esta profissão ou aquela digna de fracassados?
Não passar no vestibular pode ocorrer, não é um erro, mas sim uma falha diante de tanta prova e de tanta pressão e dinâmicas como esta, certamente não são funcionais.
Pensem em alguma falha que tiveram? Ela consistiu em um erro absurdo que nada os ensinou ou foi uma boa oportunidade de aprendizado, ainda que, no momento em ocorreu, vocês tenham sentindo-se mal e tido vontade de ‘jogar a toalha’?
Em minha primeira apresentação de trabalho, na faculdade, diante de um público, falhei grandemente. Desmaiei ao final de minha apresentação, na frente de todos que a assistiam. Puxa falha! Não fui punida pelo meu orientador, que me acolheu carinhosamente no dia seguinte, quando nos vimos no dia seguinte. No decorrer dos dias, entretanto, pensei em desistir de falar em público, de apresentar trabalhos. Cogitei ser, no grupo, ‘a menina que fica trocando os slides’. Felizmente, não me foi permitido, felizmente fui levada a outras apresentações, precisei falar outras vezes em público, descobri como ficar menos ansiosa diante dele e isso foi um acerto que me possibilitou ministrar aulas em faculdades, em pós-graduação, dar palestras, conduzir dinâmicas, coisas que não estaria fazendo, caso tivesse cometido o erro de parar diante de minha primeira falha. E mais, hoje me divirto falando em público, gosto, me realiza.
Sempre muito sábio Skinner nos leva a refletir que nossas ações não são isoladas de um contexto e nem podem ser encaradas desta maneira. Elas são o melhor que pudemos fazer, naquele contexto em que nos encontrávamos, com o repertório que possuíamos. Se foram ações falhas, se as consequências não foram boas, elas nos abrem a oportunidade de podermos avalia-las e podermos tentar outra vez, quantas vezes forem necessárias até acertarmos.
Portanto, fica o convite: falhe e tente outra vez, encare suas falhas como oportunidades de acertos, jamais se prive de tentar de novo e nunca olhe o outro como um fracassado, afinal, não sabemos quantas batalhas ele travou para chegar onde está. Às vezes ele é muito, mas muito bem sucedido mesmo.
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar
a um objetivo.
Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos,
no mínimo fará coisas admiráveis.”
José de Alencar