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Sobre o diálogo

Foto: Pexels

Estamos carentes de diálogo, daquelas conversas em que falamos, somos ouvidos, considerados, respondidos e ouvimos, consideramos e respondemos. As dificuldades de ouvir verdadeiramente ao outro e o que nos diz aumentam a cada dia. Quantas vezes nos percebemos ‘falando sozinhos’ em uma conversa? Não raras vezes sentimos que enquanto vamos falando (hoje em dia também pode ser escrevendo, tendo em vista o advento dos aplicativos de mensagens) o outro está ouvindo, rebatendo mentalmente o que dizemos ou ainda não se importando com o que é dito, aí as respostas à nossa fala podem parecer superficiais, unilaterais e desconectadas com o que se diz.

Em um diálogo faz-se importante escutarmos, considerarmos o que se diz, a importância do que a pessoa diz e conversarmos sobre o assunto, de forma direta, de forma atenta, com cuidado, com afeto e com zelo. Quem fala e se abre não está numa competição por quem tem mais problemas ou problemas mais difíceis, logo colocarmos nossos problemas para mostrar que o que se diz nem ‘é tão grave assim’ é cruel e mostra pouca empatia.

Quem escuta precisa ter empatia, isto é considerar e respeitar os sentimentos alheios, de se colocar no lugar do outro, ou vivenciar o que a outra pessoa sentiria caso estivesse em situação e circunstância similar, pois só assim saberá a quão importante o que aquela pessoa está dizendo.

Quem falou espera, muitas vezes uma resposta, que não precisa ser a solução para o problema, mas pode ser um acolhimento, uma compreensão, uma demonstração de afeto e de cuidado. É muito bom saber que fomos ouvidos, considerados e que contamos com o afeto e a compreensão da pessoa para a qual decidimos nos abrir.

Se não estamos dispostos a ouvir ao próximo, se não estamos dispostos a sermos carinhosos com o que esta pessoa nos fala, se não estamos interessados no que esta irá nos dizer é melhor não iniciarmos a conversa do que levantarmos a expectativa do outro (de ser ouvido) e a frustrarmos.

É sobre responsabilidade afetiva com quem se abre conosco e fala de si e de suas conquistas, de suas dores, de seus anseios, medos ou frustrações. Muito ruim falarmos sozinhos ou entrarmos em uma competição no meio do diálogo.

“O bom ouvinte é aquele que, ao falar, abre espaços para que as bolhas de sabão do outro voem livres. Bola vai, bola vem – cresce o amor… Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim…” O retorno e terno, Rubem Alves

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