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Ser feliz ou ter razão

Tempos de desavença esses nossos! Todos temos razão, todos estamos corretos, então, pela lógica, todos estamos errados.

Pontos de vista e argumentos não são usados como partes de conversas, mas como acusações, em meio a ofensas várias, a xingamentos horrorosos. As pessoas perderam a compostura! Perderam a capacidade de aceitarem as diferenças, os pontos de vistas diferentes e o direito que o outro tem de pensar e agir diferente.

Ficamos todos cheios de razão! O que eu penso é o que vale e se você é da ‘minha turma’, então, pode “se juntar aos bons” e se não é, obviamente passa a ser “gentalha” e olha que antes, este diálogo era parte de um programa de humor da TV e satirizava esta segregação… Hoje nos tornamos uma enorme e triste sátira. Tantos doutores em política, economia, corrupção, todos sabendo de tudo e dominando tanto todas as teorias, que é quase que um crime o outro pensar diferente.

Durante esses últimos dias, questionamos, ‘cheios de razão’ a Embaixada Alemã, em virtude de um vídeo explicativo sobre Nazismo (Ei gente, não foi direcionado a nós, ok?), atacamos o Papa Francisco sobre seu posicionamento frente a política armamentista (“Rezemos para que no mundo prevaleçam os programas de desenvolvimento e não aqueles para o armamento.”), sem ao menos compreendermos que o tweet não era direcionado ao Brasil, mas ao Mundo, visto que o Papa defende, não é de hoje, uma política ‘desarmamentista’, alguns de nós chegamos ao cúmulo de ensinar ao Papa sobre a Bíblia e religiosidade.

Atacamos todos que pensam diferente do que julgamos ser o correto! Ambos os lados! Brigas infinitas. Cenário bélico. Pessoas e famílias cortando relações. Whatsapp e Facebook, como são isentos do contato pessoal, acabam sendo território onde as brigas se tornam ainda mais severas e desagradáveis. As acusações entristecem e assustam.

Infelizmente toda essa agressividade atingiu famílias, amigos, estudantes, locais de trabalho… pessoas perdendo a amizade, falando e vociferando o que querem… e o pior começou a ocorrer: a violência tomou conta das pessoas e as agressões e ofensas deram lugar e socos, pontapés, facada, facadas e etc.. Triste cenário criminoso este!

Palavras como fascismo, nazismo, homofobia, corrupção, roubo, plano de governo, economia, infância, racismo estão sendo amplamente utilizadas para coagir o outro a fazer exatamente o que pensamos ser o correto! Perdemos de conversar, de trocar idéia, de aprender, de ensinar, de crescer, de solidificar a amizade, de exercitar a empatia, a neutralidade, a tolerância e o respeito.

Abrimos mão de sermos felizes, de sermos suaves, de sermos leves, de sermos éticos e de sermos pacíficos, para termos razão, para sermos o centro das atenções, para sermos doutores. Presenciamos jornalistas sendo agredidos covardemente, presenciamos uma parte de nossa história sendo transformada em mentira e em piada, para fazer valer esse ou aquele ponto de vista.

Quem ganha com tudo isso é a pergunta que faço? Quem conseguimos convencer quando chamamos de corrupto, sem vergonha, ladrão, racista, homofóbico, louco, ‘isentão’, dentre outros?

Para encerrar a coluna de hoje, proponho refletirmos sobre duas frases bastante densas e pensarmos no que queremos para nossa vida, nossas relações e nosso País:

“A agressividade é uma forma de mascarar a fraqueza”
The Secret

E

“Apenas os que dialogam podem construir pontes e vínculos.”
Papa Francisco

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