O cinegrafista Sheston Lescano de Oliveira Cardoso, de 47 anos, cumpria pena no Centro de Ressocialização (CR) “Dr. João Eduardo Franco Perlati” de Jaú quando faturou uma medalha de bronze na 16ª edição da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). “Fiquei surpreso e muito feliz”, comemorou Cardoso, que ganhou a liberdade há cerca de 15 dias. O torneio nacional rendeu outros frutos para a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP): 62 reeducandos, em todo Estado, receberam menções honrosas.
A Pasta inscreveu 13.698 detentos na maior competição científica do país, que passou por mudanças em razão da pandemia de Covid-19. A edição, que seria realizada em 2020, foi transferida para o ano passado. Os exames foram aplicados em salas de aulas instaladas nos presídios, respeitando todos os protocolos de prevenção ao novo coronavírus. O medalhista, inclusive, celebrou a oportunidade de ter concluído o Ensino Fundamental dentro do sistema prisional e enalteceu as atividades educacionais oferecidas na unidade.
“Além do estudo formal, participei do concurso de redação organizado pela escola vinculadora e também fui premiado”, lembra Cardoso, que se diz bom em matemática, mas espera trilhar novos desafios agora que está de volta ao convívio social.
“Pretendo continuar minha profissão como cinegrafista, terminar os estudos e participar do Programa de Iniciação Cientifica (PIC), além de cursar o Ensino Superior em Administração de Empresas, pois gosto de trabalhar em equipe”, finalizou.
HISTÓRICO
Com o objetivo de preparar as pessoas privadas de liberdade para o retorno à vida em sociedade, a SAP e a Secretaria da Educação do Estado (Seduc) têm estimulado, cada vez mais, reeducandos a participarem da Olímpiada de Matemática – realizada pelo Instituto Nacional de Matéria Pura e Aplicada (IMPA).
Ainda não há uma data definida para a premiação da 16ª Obmep, que contará com a entrega de 575 medalhas de ouro, 1.725 de prata e 5.175 de bronze, além de 51.900 menções honrosas. A SAP, inclusive, tem histórico positivo no torneio. Na edição de 2017, um presidiário colombiano, que cumpria pena na Penitenciária “Cabo PM Marcelo Pires da Silva” de Itaí, no interior de São Paulo, faturou a medalha de ouro. Ele foi o primeiro preso na história da Obmep a levar o prêmio máximo na competição nacional.