O estado do Rio de Janeiro vivencia, desde o início da semana, a maior operação de segurança pública dos últimos 15 anos, de acordo com o governo estadual. Batizada de Operação Contenção, a ofensiva tem como objetivo principal conter o avanço territorial do Comando Vermelho, prender lideranças criminosas e desarticular esquemas de tráfico de armas e drogas em comunidades da capital fluminense.
Com foco principal nos complexos do Alemão e da Penha, a ação envolve 2,5 mil agentes das polícias Civil e Militar, além de apoio logístico de inteligência e do setor judiciário. Segundo o balanço parcial, já foram 81 pessoas presas, 72 fuzis apreendidos e grande quantidade de drogas ainda em contabilização.
Até o momento, a Operação Contenção deixou 64 mortos, número que a torna a mais letal do estado desde o início da série histórica, superando inclusive a operação no Jacarezinho em 2021, que resultou em 28 mortes e foi classificada por especialistas e entidades como uma chacina.
O governador Cláudio Castro defendeu a atuação das forças de segurança. Em coletiva no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), afirmou:
“Estamos atuando com força máxima e de forma integrada para deixar claro que quem exerce o poder é o Estado. […] O que estamos enfrentando não é mais crime comum, é narcoterrorismo. Os criminosos estão usando tecnologia de guerra: drones, bombas e armamentos pesados.”
A prefeitura do Rio colocou a cidade em estágio 2 de atenção, que indica risco de ocorrências de alto impacto. Diversas vias nos arredores dos complexos do Alemão, Penha, Chapadão e São Francisco Xavier (zona norte), além de bairros da zona oeste como Freguesia e Taquara, enfrentam interdições temporárias. O impacto atinge mais de 100 linhas de ônibus, cujos itinerários foram alterados.
Nas redes sociais, internautas compartilham vídeos de tiroteios e confrontos armados. Termos como “Comando Vermelho” e “Hell de Janeiro” figuram entre os assuntos mais comentados do país na plataforma X (antigo Twitter), refletindo a tensão vivida pela população.
Segundo levantamento de 2023 do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da UFF (Geni/UFF) em parceria com o Instituto Fogo Cruzado, o Comando Vermelho foi a única facção criminosa a expandir sua área de atuação no Grande Rio entre 2022 e 2023.
A facção passou a controlar 51,9% das áreas dominadas por grupos armados, retomando a liderança perdida para as milícias em 2021. No total, a expansão foi de 8,4%, equivalente a 242 km², o que evidencia a crescente influência da organização em áreas antes controladas por milicianos.

