“O narcisista é tão absorto em seu egoísmo que é incapaz de lidar com as necessidades dos outros, dando importância somente às dele. Em função de sua personalidade distorcida e inflada, venera a si próprio exaltando seu egocentrismo.” (Psicólogo e Escritor Alexandre Bez, Livro: O Que Era Doce, Virou Amargo)
O Transtorno de Personalidade Narcisista é classificado pelo DSM-5, como “um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos”, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes:
1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera conquistas e talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas correspondentes).
2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal.
3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado a, outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada.
4. Demanda admiração excessiva.
5. Apresenta um sentimento de possuir direitos.
6. É explorador em relações interpessoais (i.e., tira vantagem de outros para atingir os próprios fins).
7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos outros.
8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam.
9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes.
Para Rodrigo Fernando Pereira, em linhas gerais, o narcisista tem como característica principal esse sentimento de ser muito importante, especial, ‘fora de série’. O narcisista reage muito mal quando ele não é colocado nesse patamar de superioridade, quando ele é tratado como uma pessoa “comum” e quando suas necessidades não são atendidas. Para o narcisista é muito difícil aceitar a derrota e a tendência é que ele coloque sempre a responsabilidade pelos seus problemas nos outros.
Ele aponta ainda que justamente pelo narcisista se achar superior, raramente ele reconhece que tem um problema, e é menos provável ainda que ele procure alguma forma de tratamento. Quanto ele procura, geralmente seu foco são os outros.
Nesta relação há o conarcisismo, que se refere a alimentar, inadvertidamente, o narcisismo do outro, do mesmo jeito que um codependente alimenta o vício de um dependente químico.
Entre os traços apresentados pelos conarcisistas estão: baixa autoestima, se esforça para agradar os outros, aceita excessivamente as opiniões dos outros, não tem clareza das próprias visões de mundo, frequentemente ansiosos e deprimidos, têm dificuldade em dizer o que sentem ou pensam sobre um assunto, duvidam da validade de suas opiniões (especialmente quando estão em conflito com as de outros) e assumem a responsabilidade pelos problemas nas relações.
Desta forma, salienta o autor, as caraterísticas do conarcisista atendem perfeitamente ao que o narcisista espera e estas relações tendem a se manter, mesmo carregadas de conflitos. Geralmente o narcisista exige admiração e perfeição num nível que só um conarcisista tentaria prover. Ainda assim, não é suficiente para o narcisista, que coloca a responsabilidade das suas frustrações no conarcisista, que as assume e geralmente pede desculpas por não ter conseguido atendê-las. Obviamente, isso vai minando cada vez mais a autoestima do conarcisista, que tende a se deprimir facilmente. As exigências constantes do narcisista colocam o conarcisista num estado de ansiedade permanente, com receio de críticas e ataques. Ainda assim, o conarcisista não consegue sair da relação, pois acredita que o problema está em si mesmo e tem um grande medo de perder o narcisista.
Se você encontra em uma relação como esta, é possível que esteja lidando com um narcisista. Procure ajuda profissional, procure se fortalecer, lidar com sua ansiedade, episódios depressivos, com a baixa auto-estima, para que possa compreender o que quer fazer com esta relação.
Encerro com um convite a reflexão: “Narcisista é aquela pessoa com personalidade forte, ou seja, acredita ser superior ao outro, gosta de subjugar, tem necessidade de admiração e ausência de empatia. Não admite erros, acredita estar certo em tudo” Juliano Leão