Amigos são tão importantes em nossa caminhada, que inclusive a Bíblia faz referência a eles como uma benção, como algo de extrema importância.
O título desta coluna é retirado do Eclesiástico 6:14-17: “Um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro. Nada é comparável a um amigo fiel, o ouro e a prata não merecem ser postos em paralelo com a sinceridade de sua fé. Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade…”
Porque de amor, companheirismo, fidelidade, apoio, suporte, ombro amigo, colo providencial, broncas bem vindas é feita a amizade.
Dias atrás, estávamos eu e um amigo conversando sobre porquê ficamos amigos, sendo diferentes, por assim dizer: não temos a mesma faixa etária, não frequentamos os mesmos lugares, nem sempre pensamos de forma semelhante, mas somos amigos. Lembrei-me de Garth Henrichs, que dizia: “A gente não faz amigos, reconhece-os.”. É bem assim, amizade começa com uma sintonia inexplicável, bem na linha daquela frase muito usada por nós: “Ah meu santo bateu com o de fulano.”. O ‘santo bate’, nos abrimos mais tranquilamente ao diálogo, conversamos mais e vamos nos afeiçoando, a confiança vai sendo construída, o carinho recíproco vai ficando cada vez mais evidente, bem como a preocupação com o outro e seu bem estar, sua felicidade.
A relação de amizade é uma relação de amor, amor diferente de amor de mãe, de pai, de filho, de marido, esposa, namorada, namorado, mas é tão amor quanto os demais. Amigos se preocupam, amigos conhecem quando o outro está bem, amigos ficam ali ao lado quietinhos, dando ‘apoio moral’ quando não há o que ser dito, amigo dá bronca, quando é preciso situar o outro e dar aquele ‘prestenção’ bem dado, amigo manda piada no whatsApp, mas manda ‘textão sério’ também, amigo que é amigo manda parar ‘que está feio já’ e toma as nossas dores quando preciso for.
E quem entende o amor de amigo? Eu posso falar ‘mal’ de amigo meu, mas experimenta você tomar essa liberdade?! O amigo é meu e quem fala sou eu! Até porque eu mesmo já falei pra ele isso e estou ali ajudando a melhorar!
Temos muitos colegas ao longo da vida, colegas que passam, que colorem aqueles momentos, que nos ajudam, nos atrapalham, são atrapalhados por nós (por que não?), nos ajudam a resignificar um ou outro pensamento e se vão. Vão continuar suas vidas e nós as nossas. Deixaram muito conosco, levaram muito de nós, mas efêmero é o coleguismo. Não nos esquecemos, mas não é parte de nós, como um amigo.
Amigo é aquele de uma vida toda, desde o dia que nasceu pra nós… podemos ter amigos de uma vida toda com 40 anos de amizade, com 20 anos, 10 anos, 1 ano, 6 meses, mas que são tão próximos, tão íntimos, que fazem tanta diferença em nossas vidas que tornam-se a família que Deus nos deu o privilégio de escolher.
Millôr Fernandes, em sua costumeira acidez assertiva define uma verdadeira amizade como sendo “aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades.”. E é isso mesmo, para nossos amigos verdadeiros podemos sim falar sobre nossas qualidades, sem que isso gere qualquer sentimento negativo nele e podemos falar sobre os defeitos dele, sem que isso represente uma cara feia, uma pessoa ofendida e vice-versa.
A amizade pressupõe muita afinidade, muita abertura, muita disponibilidade para ouvir, para poder falar o que se pensa sem restrições, sem estar ´pisando em ovos´. Quando temos um amigo, temos um tesouro, mais até que um tesouro, pois temos alguém que nos conhece profundamente e apesar disso, ainda nos ama e nos quer por perto, por isso, cultivem suas amizades, sejam amigos, ouçam, deem colo, bronca, conselho, risada, tomem sorvete, tenham papos sérios, mas tenham a vivência de possuir um amigo pra chamar de seu! Pra dar boas gargalhadas com você ou pra chorar com você!
Se permita ter uma amizade deliciosamente verdadeira e cheia de imperfeições!
Finalizo minha coluna dessa semana com Aristóteles definindo em uma linda frase sábia a amidade: “O que é um amigo? Uma única alma habitando dois corpos.”.