Um professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) foi afastado nesta quarta-feira (6) após três alunas registrarem um boletim de ocorrência por importunação sexual na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), nesta terça-feira (5), em Bauru, no interior de São Paulo.
O caso começou depois que cartazes expondo supostos assédios praticados pelo professor, foram colocados no campus da universidade na última sexta-feira (1º). Os cartazes mostravam mensagens que o docente Marcelo Magalhães Bulhões teria enviado para as alunas.
De acordo com o Boletim de Ocorrência registrado pelas alunas do curso de relações públicas, o professor costumava fazer comentários com conotação sexual, falar sobre orgias francesas durante as aulas e assuntos que não condiziam com a matéria.
Uma das denunciantes relatou em depoimento à polícia que desistiu de fazer iniciação cientifica com o professor por ter sido aconselhada por outras meninas a evitar ficar sozinha com ele.
Após a repercussão do caso, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru afastou o professor pela prática de assédio sexual. A decisão foi oficializada através de notificação emitida pelo setor de RH da universidade.
A oficialização do afastamento do professor Marcelo Magalhães Bulhões, do departamento de Ciências Humanas, acompanha recomendação feita pela Comissão de Sindicância aberta pela universidade na última segunda-feira (4) para investigar conduta de professor após denúncias de assédio sexual.
O afastamento preventivo do docente é pelo prazo de 180 dias, prorrogáveis uma única vez por igual período, sem prejuízo de vencimentos ou vantagens, conforme determina a legislação.
A delegada da DDM, Luciana Claro, afirmou que um inquérito deve ser instaurado e será elaborado um relatório de investigação com os dados coletados até o momento, já que em 2017 uma sindicância havia sido instaurada contra o professor.
Na época, foi instaurada uma apuração preliminar na Unesp para investigar as denúncias de assédio contra o docente. Porém segundo a universidade, uma comissão sindicante, indicou o arquivamento dos autos com recomendações, tais como instauração de mecanismos para fomentar medidas educativas e elucidativas sobre assédio.
Em nota, Marcelo Bulhões se posicionou sobre o caso. Veja na íntegra:
“Foi com estarrecimento que fiquei sabendo que cartazes falsos, forjados, foram afixados no campus com teor acusatório a mim. Estou ainda chocado. De modo semelhante, foi com enorme e desagradável surpresa que em 2019, em postagem no Facebook, recebi uma acusação de assédio. Naquela altura, ao tomar conhecimento que um coletivo da Unesp havia feito acusações com esse teor, solicitei uma reunião com o grupo de alunas. Elas recusaram o diálogo. Solicitei essa reunião por, naquela altura, estar totalmente perplexo diante das acusações. Uma comissão de sindicância foi, então, constituída pela FAAC – Unesp. Após um processo de investigação, o arquivamento do processo se fez precisamente por afiançar que nenhuma ação do teor de assédio foi por mim cometida. No curso do processo, aliás, recebi depoimentos de incondicional apoio e elogio ao meu profissionalismo, escrito por dezenas de alunas que foram minhas orientandas (mestrado, doutorado e iniciação científica). Portanto, só posso afirmar que estou absolutamente estarrecido diante de uma situação que julgo absurda. Os cartazes, aliás, foram anonimamente forjados e afixados no campus. Sou docente da Unesp desde 1994, ou seja, trata-se de 28 anos de trabalho em sala de aula, tendo atuado ao lado de milhares de alunos, sem que qualquer mínimo indício concreto do que se pode ser classificado como assédio possa ser apontado. Atingem-me do modo mais vil. Entendo que legítimas e importantes demandas da atualidade – luta contra o racismo, movimento feminista – têm produzido uma mobilização de empatia diante de causas de enorme relevo. Nesse caso, todavia, estou sendo vítima de calúnia, cuja propagação em tempos digitais é implacável.”