A Polícia Civil de São Paulo concluiu nesta quinta-feira (22) o indiciamento do presidente do Corinthians, Augusto Melo, por suspeita de envolvimento em um esquema criminoso envolvendo o contrato de patrocínio com a empresa Vai de Bet. Outras três pessoas também foram indiciadas por furto, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Segundo a investigação, parte da comissão paga ao clube pela casa de apostas foi desviada para a empresa UJ Football Talent Intermediação Ltda., apontada em delações como ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A empresa nega envolvimento com o crime organizado e afirma não ser investigada.
A polícia identificou que R$ 1,074 milhão, dos R$ 1,4 milhão pagos pela intermediação do contrato, foram repassados por empresas de fachada até chegar à UJ Football. O esquema teria contado com a participação de Alex Cassundé, sócio da empresa Rede Social Media Design, usada como fachada no contrato. Ele foi incluído no acordo com aval de dirigentes, segundo a polícia, para legalizar o repasse.
Em nota, o Corinthians afirmou que é vítima das irregularidades e que não tem controle sobre o uso que terceiros fazem dos recursos recebidos. Já o presidente Augusto Melo, por meio da defesa, declarou “incredulidade e indignação” com o relatório da polícia e garantiu que não teve envolvimento com as fraudes.
O escândalo gerou o rompimento do contrato com a Vai de Bet, avaliado em R$ 360 milhões, e também impulsiona processos de impeachment contra Augusto Melo, cuja votação está marcada para 26 de maio no Conselho Deliberativo do clube.
As investigações têm como base a delação de Vinicius Gritzbach, empresário assassinado em novembro de 2023. Ele havia apontado Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa”, como operador do PCC no futebol e ligado à UJ Football Talent. A empresa afirma que “Tripa” nunca integrou seu quadro societário.
A Polícia Civil reforça que o Corinthians foi lesado por um complexo esquema de lavagem de dinheiro que usou métodos clássicos de ocultação de valores para dificultar o rastreamento dos recursos desviados.