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Por que é tão difícil envelhecermos?

E como é, não? Envelhecer não é só ter mais idade, ser chamado de ‘senhor’ ou ‘senhora’, não é só estar com menos pique para fazermos coisas que antes fazíamos com mais facilidade e ânimo, envelhecer não é só carregar no rosto, no cabelo, no corpo, nas mãos as marcas de termos vivido muitos anos já.
Não, não é fácil envelhecermos, nos cansamos mais facilmente que antes, dores nas costas, nas pernas, algumas alterações nos exames podem aparecer, nem sempre entendemos a linguagem moderna dos mais jovens, ‘chipar’, ‘crush’, dentre outros termos usados por eles com naturalidade e tranquilidade, nem sempre gostamos de suas músicas ‘barulhentas’, mas muitas vezes reconhecemos a urgência deles, a vontade de viver e de mudar o mundo como comportamentos apresentados por nós, quando mais jovens.

A juventude é uma época muito boa, de muita intensidade, de muito vigor físico, de muita construção de pensamentos e de comportamentos que mudam e que trazem a reflexão aos que cercam estes jovens, mas amadurecer pode ser maravilhoso, se não for evitado…

“A sabedoria não está em não falhar ou sofrer, mas usar nossas falhas para amadurecer e nosso sofrimento para compreender a dor dos outros.” Augusto Cury

Cada vez mais nos surpreendemos com pessoas evitando demonstrar que os anos se passaram, que a idade aumentou, que envelheceram. Não raro vemos conhecidos, amigos, colegas de trabalho se submetendo a inúmeros procedimentos estéticos para ‘disfarçar’ os sinais da idade, para transformar as rugas, marcas de expressão em ‘lisuras’ assustadoras no rosto. Quantas vezes não vemos fotos sem expressão, é como se o sorriso ‘não voltasse sozinho’ e precisasse de ajuda, falta expressão facial que demonstre emoções e por que isso? Por que não mostrarmos os anos vividos por nós? Por que a necessidade de exibir um rosto adolescente e um corpo absolutamente jovem por mais que os anos passem?

Calma, não se trata de uma ode às rugas, às marcas de expressão, ao envelhecimento e uma crítica ao cuidado com corpo, rosto e cabelo, mas sim a uma reflexão sobre este cuidar de corpo, rosto, cabelo e alma. Cuidarmos de nós, da pele, fazermos o que nos faz bem é fundamental.

O texto de hoje é um convite a reflexão: será que precisamos parecer jovens para sempre e não há beleza no envelhecimento?
Tão bonito vermos que conseguimos evoluir em nossas reações: aquilo que antes nos fazia brigar, gritar, espernear, hoje nos faz apenas observar, refletir e definir se merece ou não uma resposta ou comportamento nosso.

Tão digno compreender as dores e imperfeições do outro e, apesar disto, o respeitar e conseguir ser empático, amigável, gentil.

Tão bonito ver um rosto bem cuidado, sereno, com as belas marcas do tempo, da maturidade, das emoções vividas, das dores superadas, dos amores arrebatadores, das risadas largas e gostosas, das tão necessárias lágrimas que nos ajudaram a desabafar, as marquinhas que mostram quanto pensamos ao longo da vida…

Tão bonito ver um sorriso que ‘vai e volta’ sem ajuda, um rosto compatível com a idade, mas bem cuidado e amado.
Como é bom vermos que o tempo passou, mas a caminhada, a corrida, o ballet, a academia, a natação ainda fazem parte da rotina, mas adaptados aos anos que também passaram.

Como é bom cuidarmos de nossa alma, de nosso coração, daquilo que nos machucou e machucava, tão importante descobrirmos que superamos muitas dores, modificamos nossos comportamentos, melhoramos nossas ações, tão bonito ver esse passar de anos acompanhado de aumento de serenidade, de aceitação, de amor ao próximo, de empatia, de saber ‘vestir os chinelos do outro’ e sabermos que nem sempre o que é fácil para nós o é para o outro.

Que possamos refletir sobre a passagem do tempo em nossas vidas e a melhora que ela pode nos trazer e a evolução que podemos apresentar.

Encerro com um convite a reflexão: “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Fernando Teixeira de Andrade

Contato: sophiarodovalho@rapidonoar.com.br

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