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PM constata queda em crimes contra o patrimônio em SP

As ruas esvaziadas pela quarentena do coronavírus têm dado muito menos dor de cabeça para a polícia na cidade de São Paulo. Desde que o isolamento começou, há cerca de duas semanas, as ocorrências criminais, principalmente as de roubo, vêm caindo num ritmo acelerado. Como consequência, a Polícia Militar tem redirecionado patrulhas para oferecer proteção a estabelecimentos considerados essenciais, que continuam em funcionamento.

Apesar de as estatísticas oficiais ainda não terem sido oficialmente contabilizadas, a PM já fala em uma estimativa de 50% de redução dos casos de crimes contra o patrimônio, categoria que inclui desde o roubo de celular até o assalto a comércios. Mas ainda se trata de um dado preliminar. Em março do ano passado, a capital registrou 393 roubos por dia. Se a estimativa da polícia estiver certa, esse crime pode ter caído para menos de 200 casos diários.

Com a mudança drástica no fluxo de pessoas, a corporação já tem adotado mudanças em seus patrulhamentos. Só na capital, há mais de mil viaturas voltadas ao atendimento da ronda escolar. Com a suspensão das aulas, agentes e veículos agora circulam por outras áreas. “Eles estão na proximidade de supermercados, padarias, farmácias, hospitais e, no período da noite, com mais intensidade nos bairros residenciais”, explica o tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM.

Por outro lado, o esvaziamento das ruas pode representar uma oportunidade para o criminoso diante de uma vítima indefesa. Esse é o receio da administradora de empresas Daniela Cerri Seibel. “Você fica mais apreensivo porque não existe movimento. Então, quando ouço uma moto vindo, já fico gelada porque já fui assaltada várias vezes”, diz. Ela, que é presidente da Associação de Moradores dos Jardins (AME Jardins), conta que levou a preocupação ao capitão da área e ouviu dele a mesma estimativa tranquilizadora de queda de ocorrências.

“A percepção da pessoa que sai de casa e vê a rua vazia é que qualquer bandido vai ter facilidade para roubá-la. Na prática, o criminoso também se sente numa situação desconfortável porque pode ser facilmente visualizado”, diz Massera.

O oficial conta que até os chamados ao 190 têm mudado de característica. “Há menos chamado para crime e mais reclamação da postura de alguma pessoa que deveria estar isolada, de algum comércio que deveria estar fechado. Há mudança no perfil das ocorrências.”


De qualquer forma, quando a quarentena começou o empresário Rodrigo Salles, que está à frente do Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) da região da Avenida Paulista e dos Jardins, aconselhou os comerciantes da área. “Disse para as pessoas se prevenirem, reforçar o fechamento de portas e janelas porque não se sabe até quando vai se estender isso.”

A diminuição geral de ocorrências não significa que o trabalho policial contra crimes comuns tenha parado. Na tarde de ontem, o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, que está à frente do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), estava apresentando o resultado de uma ação que resultou na prisão de suspeitos de cometerem sequestros-relâmpago.

“Prendemos quatro que faziam sequestros, pegavam quem estava mais vulnerável e ficavam cinco, seis horas gastando com o cartão de crédito. De um mês para cá, eles continuavam fazendo isso”, diz.

Ainda assim, o que tem ocupado mais a rotina do delegado Nico são atividades relativas ao coronavírus. A Polícia Civil tem atuado para coibir a venda de álcool em gel adulterado e, até a semana passada, 32 pessoas já tinham sido presas no Estado em casos ligados ao produto. Além disso, os agentes têm se dedicado a apoiar ações da secretaria de Saúde, como escolta a recolhimento e transporte de máscaras para os hospitais.

Na rua
Comerciantes que trabalham em áreas mais movimentadas têm visto a fiscalização aumentar. Edilson Fernandes, gerente de um açougue na Lapa, conta que a presença de agentes da Prefeitura vem se intensificando. Nas regiões com menos estabelecimentos, os vendedores dizem não ter mudado muita coisa. Para Eduardo Nicolas, gerente de uma hamburgueria na Barra Funda, a fiscalização não aumentou. “O movimento de policiais e guarda civis permanece o mesmo.”

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