Pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) aponta que 69% dos estudantes consideram haver um nível médio ou alto de violência nas escolas estaduais do estado de São Paulo. O estudo, denominado Percepção dos Profissionais da Educação, Estudantes e Pais sobre a Violência nas Escolas, entrevistou 1,25 mil estudantes, 1,25 mil famílias e 1,1 mil professores entre os dias 30 de janeiro e 21 de fevereiro.
Os dados revelam que a percepção da violência nas escolas é alta em todas as categorias, com os familiares dos alunos apresentando o índice mais alto, chegando a 75%. Quando separados entre região central e periferia, os percentuais variam: 64% dos alunos que estudam no centro têm essa percepção, enquanto 74% dos que estudam na periferia consideram haver um nível médio ou alto de violência.
A pesquisa indica ainda que 24% dos professores e 41% dos alunos não se sentem seguros no entorno das escolas; dentro das unidades de ensino, eles também não se sentem seguros: são 16% dos docentes e 26% dos estudantes. A pesquisa perguntou ainda quem soube de casos de violência em suas escolas. Entre os familiares, 73% disseram ter conhecimento; entre os estudantes foram 71% e, entre os professores, 41%.
Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, avaliou que esse clima de violência não começa por acaso. “Quando nós temos jovens estudantes estimulados a resolver divergências através da violência e não do diálogo, a sociedade fica mais permeável a casos de violência. Isso se dá no estímulo a crianças fazerem o gesto de uma arma de fogo na mão, a movimentos baseados em mentiras, que estimulam crianças contra os professores”, explicou.
A pesquisa mostrou também que 98% dos estudantes, 96% dos professores e 97% dos familiares concordam que o governo deveria dar mais condições de segurança para as escolas. “É uma unanimidade. Esse dado por si só coloca o combate à violência como uma prioridade absoluta de qualquer política pública de educação. A urgência desse tema não deve ser questionada por ninguém e tenho certeza de que não será”, afirmou Meirelles.
A presidenta do Apeoesp, Maria Izabel Azevedo Noronha, conhecida como professora Bebel, afirmou que no pós-pandemia, com a volta às atividades nas escolas, deveria haver um projeto para dar atenção psicológica aos alunos, já que muitos perderam pessoas próximas para a Covid-19, além de terem perdido conteúdo educacional. “Nós vamos ter que ter mais cuidado com os jovens e, mais do que isso, é um clamor social. Isso não pode recair sobre as famílias nem nos professores. Sobre os professores recai tudo. O governo deve implantar formas para atrair as famílias para a escola também”, disse.
Entretanto, atrair as famílias para a escola é apenas uma das medidas necessárias para combater a violência nas escolas. A pesquisa indica que a questão é complexa e envolve fatores como a falta de segurança nas ruas próximas às escolas, o clima de violência na sociedade e a falta de investimento em segurança nas unidades de ensino.
Além disso, é importante destacar que a violência nas escolas não se restringe a agressões físicas, mas também engloba casos de bullying, assédio moral, discriminação e outras formas de violência psicológica.
Diante desse cenário preocupante, é fundamental que o poder público tome medidas efetivas para garantir a segurança nas escolas e proteger os estudantes e os profissionais da educação. Isso inclui investimentos em infraestrutura e equipamentos de segurança, a contratação de mais profissionais de segurança para atuar nas escolas e a implementação de políticas educacionais que promovam a cultura da paz e do diálogo.
É necessário que todos os envolvidos na comunidade escolar, incluindo estudantes, professores, familiares e gestores públicos, se unam em um esforço coletivo para enfrentar o problema da violência nas escolas e garantir um ambiente seguro e acolhedor para a aprendizagem e o desenvolvimento humano.
Enquanto isso, é importante também prestar atenção à saúde mental dos estudantes e profissionais da educação, especialmente em um momento de pandemia em que muitos estão sofrendo com perdas e traumas. O cuidado com a saúde mental deve ser uma prioridade não apenas para evitar a violência, mas também para promover a educação e a formação integral dos estudantes.
Em suma, a pesquisa do Instituto Locomotiva e da Apeoesp reforça a necessidade urgente de combater a violência nas escolas e investir em políticas públicas que garantam um ambiente seguro e saudável para a educação. A violência não pode ser tolerada em nenhuma instância, muito menos nas escolas, que são lugares fundamentais para a formação de cidadãos críticos, conscientes e responsáveis.