O maior jogador de futebol do mundo descansou. Morreu ontem aos 82 anos, Edson Arantes Nascimento, o Pelé. Ele estava internado desde o dia 28 de novembro no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, para reavaliação da quimioterapia contra o tumor de cólon e o tratamento de uma infecção respiratória.
No último boletim médico, os médicos alertaram para a progressão do câncer e afirmaram que o paciente estava necessitando de maiores cuidados referentes às disfunções renal e cardíaca. Morreu às 15h27, em decorrência da falência de múltiplos órgãos.
Edson Arantes do Nascimento nasceu no dia 23 de outubro de 1940 na cidade de Três Corações, em Minas Gerais. Pelé foi um jogador que dispensa qualquer comentário. Feliz de quem teve o privilégio de vê-lo jogar.
Era simplesmente fantástico ver seus dribles, seus chutes a gol, suas cabeçadas, enfim, um atleta perfeito. Realmente o Rei do Futebol.
Pelé começou a trabalhar cedo para ajudar a família, como engraxate, entregador de pastel e ajudante de sapateiro. Mas o destino do menino pobre que virou Rei já estava traçado.
Filho de Celeste e de Dondinho, que também foi um grande jogador na década de 40, Pelé até os cinco anos de idade e já morando em Bauru, era chamado por todos de “Dico”.
Mas em razão de um goleiro do time de Dondinho, virou “Bilé”. Anos depois, virou Pelé. Aos 10 anos já estava jogando no Sete de Setembro F.C. Aos 14 anos fez um teste para jogar no Baquinho de Bauru. O técnico era Valdemar de Brito, que havia disputado a Copa de 1934 pela nossa seleção. No segundo jogo pelo Baquinho, Pelé marcou sete gols e passou a ser olhado com muito carinho por todos.
Certo dia apareceu o técnico Tim, do Bangu/RJ, para levar aquele garoto. No entanto, sua mãe não deixou, pois não queria que o filho seguisse a mesma carreira do pai, em razão das inúmeras contusões que sofreu.
No ano seguinte, depois de um belo discurso de Doninho, o técnico Valdemar de Brito conseguiu levar o garoto para fazer um teste no Santos. Dia 8 de agosto de 1956, Pelé chegou na Vila Belmiro, onde treinou no meio de grandes feras como Pagão, Zito, Pepe e Jair da Rosa Pinto, que ao terminar o treino, disse ao garoto: “Você tem pinta, vai em frente”.
Em razão de sua idade, pediram para Pelé dar uma força no time juvenil que iria jogar contra o Jabaquara. O Santos perdeu por 2 a 0 e Pelé muito aborrecido, arrumou as malas e disse que queria voltar para Bauru. Mas o porteiro do clube o convenceu a ficar.
Pelé estreou oficialmente com a camisa do Santos no dia 7 de setembro de 1956, quando o Peixe goleou o Corinthians de Santo André por 7 a 1.
Neste jogo Pelé marcou o sexto gol da partida aos 36 minutos do primeiro tempo e o goleiro que sofreu o primeiro gol de Pelé, era Zaluar Torres Rodrigues.
Ainda neste ano de 1956, o atacante Vasconcelos, do Santos, fraturou a perna num jogo contra o São Paulo e Pelé entrou na equipe para não mais sair. Neste ano também, o Peixe foi o campeão paulista.
No ano seguinte, Pelé foi o artilheiro do Campeonato Paulista com 32 gols. Em 1958, novamente foi o artilheiro do Paulistão, chegando a extraordinária marca de 58 gols, recorde que até hoje não foi superado por nenhum jogador e nem será.
No ano seguinte, Pelé marcou simplesmente 129 gols, uma marca que dificilmente será quebrada. Com a fama de Pelé, principalmente depois da Copa de 1958, o Santos não parava de excursionar. Diziam até que o time treinava no avião de tantos jogos seguidos. A presença de Pelé enchia os estádios. As rendas eram grandiosas.
Onde Pelé chegava era grande a multidão para vê-lo. Até uma guerra parou para ver Pelé jogar. Quando foi embora, a guerra recomeçou.
Dia 19 de novembro de 1969, Pelé marcou o gol de número 1.000 de sua carreira. Foi num jogo contra o Vasco da Gama, no Maracanã. O goleiro era o argentino Andrada. Este gol foi de pênalti e aconteceu aos 32 minutos do segundo tempo.
Pelo Santos, Pelé foi artilheiro do Campeonato Paulista por 11 vezes, sendo nove vezes consecutivas. Tem 10 títulos Paulistas, duas Libertadores, dois Mundial Interclubes, cinco Taças Brasil, quatro Torneios Rio-São Paulo e tantos outros de menor expressão.
Jogou pelo Santos 1.115 vezes: venceu 725, empatou 200 e perdeu 190. Marcou 1.091 gols. Jogou de goleiro em três oportunidades e não sofreu nenhum gol.
Pelé estreou na Seleção Brasileira com apenas 16 anos, num jogo contra a Argentina pela Copa Rocca, no dia 7 de julho de 1957. O Brasil perdeu por 2 a 1, mas o gol brasileiro foi de Pelé.
No ano seguinte, veio sua consagração na Copa de 1958, quando o mundo descobriu o Rei do Futebol. Neste mundial, Pelé estava com apenas 17 anos e marcou seis gols.
Veio então a Copa de 1962. Depois de ter marcado 47 gols no Campeonato Paulista de 1961 e ter marcado um Gol de Placa no Maracanã dia 5 de março de 1961 contra o Fluminense, Pelé chegou no Chile com a certeza de que iria fazer outra brilhante participação. No entanto, uma grave contusão o tirou da competição. Mas tínhamos Garrincha e, assim conquistamos mais um título mundial.
Para recuperar a tristeza de não participar dos jogos da Copa, Pelé sagrou-se bicampeão da Taca Libertadores e bicampeão do Mundial Interclubes de 1962 e 1963 pelo Santos.
Veio a Copa de 1966 na Inglaterra, onde a violência simplesmente tirou Pelé da competição. O Rei ficou tão desanimado com tudo aquilo, que chegou a dizer que não iria disputar outra Copa.
Chegava então a Copa de 1970 no México e Pelé foi simplesmente magnífico, pois confirmou toda sua genialidade e mostrou ao mundo inteiro, o porque seria eleito o “Atleta do Século”.
Nesta Copa o Rei fez de tudo. Marcou dois gols, deixou goleiro no chão, quase fez gol do meio do campo, enfim, encheu os olhos do mundo inteiro com sua genialidade e, nós que tivemos a felicidade de vê-lo jogando, temos que agradecer à Deus pelo presente que recebemos.
Com a camisa da seleção brasileira, Pelé fez 116 jogos e marcou 95 gols. Depois da Copa, Pelé começou a se preparar para encerrar sua brilhante carreira.
Dia 11 de julho de 1971, Pelé se despediu da camisa canarinho jogando no Morumbi, onde milhares de pessoas choraram com aquela despedida. Assim também aconteceu no Maracanã uma semana depois, quando quase 200 mil pessoas choravam e pediam em coro: “Fica, fica…”
Mas não deu, a decisão já estava tomada e não voltaria atrás. Para o torcedor santista, a dor foi maior no dia 3 de outubro de 1974, quando o Santos jogava contra a Ponte Preta, na Vila Belmiro.
Aos 21 minutos de jogo, Pelé pega a bola, ajoelha-se no meio do campo, abre os braços, depois dá a volta olímpica chorando, segurando aquela camisa que por 18 anos ele honrou como ninguém.
Antes de encerrar a carreira em definitivo, jogou por três temporadas nos Estados Unidos pelo New York Cosmos, onde foi campeão em 1977 e marcou 63 gols.
Em 1980 foi eleito como o “Atleta do Século”, numa justa homenagem ao nosso Rei do Futebol. Ao todo em sua carreira, Pelé jogou em 62 países, realizou 1.371 jogos e marcou 1.281 gols.
Sem dúvida alguma foi o maior jogador de futebol de todos os tempos. Pelé conseguiu bater quase todos os recordes de um jogador de futebol mundial. Algumas de suas marcas dificilmente serão igualadas ou superadas por qualquer outro atleta. Em toda sua carreira, conquistou 53 títulos. Nenhum outro jogador em todos os tempos acumulou tantas glórias.
Pelé ainda teve participações em algumas novelas da Rede Globo e em dez filmes e compôs algumas músicas. Empresário de sucesso, ocupou o cargo de Ministro dos Esportes entre os anos de 1995 e 1998, período em que inspirou a criação da Lei Pelé. Foi comentaria da Copa de 1994 e deu sorte ao Brasil, gritando “tetra” junto com Galvão Bueno. Quem ama o futebol e teve a sorte de ver Pelé jogar, pode se considerar um ser humano privilegiado.