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Onde não houver reciprocidade, não te demores

Foto: Pexels

“Fica combinado assim: eu entro com o sentimento e você com a reciprocidade.” Carolina Grein Xavier

Profundo, né? Quantas vezes não nos percebemos fazendo, sentindo, agindo e nos doando em uma relação (seja de amor, seja de amizade, seja de trabalho, seja de sociedade, etc) e não notamos a recíproca como verdadeira.

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Não raras vezes escutamos: mando mensagem, ajudo, me desdobro, ‘faço o que for preciso para ver a pessoa feliz e não vejo a mesma atitude dela, não parece que faria o mesmo por mim e muitas vezes não faz’, ou ainda ‘trabalho, me dedico a nossa sociedade, tenho ideias, faço tudo para que as coisas deem certo e o outro somente observa.’ E também tem os amigos que ‘pedem ajuda, que ligam, que solicitam ajuda, que desabafam, que precisam de um ombro amigo, mas só precisam e nunca estão lá quando se precisa deles’.

Por que, então, insistimos em relações em que a reciprocidade não impera? O que nos faz permanecer nessas relações, buscando fazer pelo outro e esperamos que este nos note e faça por nós e pela relação que estabelecemos o mesmo que fazemos, ainda que isto não ocorra?
O gostoso em uma relação é a troca, é o bate-bola, é dividir bons momentos, sorrisos, risadas, boas ideias, cafés, é saber que temos com quem contar em momentos não tão bons assim, saber que teremos ombro amigos, que enfrentaremos juntos os problemas, que pensaremos juntos em soluções, mesmo que estas não deem certo, mas estaremos juntos, este é o propósito de ‘ser recíproco’.

Pra que insistirmos em relações que sabemos que não há a troca? Por que tentarmos sabendo que não conseguiremos que o outro se doe assim como nos doamos? O que nos leva a trilhar esse caminho?

Não, não! Vamos nos valorizar! Vamos buscar relações em que a troca impere, que o sentimento e as ações sejam recíprocos, que possamos sentir a paz imperar na mesma.

Muito ruim e desagradável implorarmos atenção, afeto, cuidado, amizade. Não façamos isso conosco mesmo!

Sigamos em frente sem rancor, sem raiva, sem ódio, mas buscando novas relações, buscando reciprocidade, buscado afeto, buscando receber o que damos.

Encerro com um convite a reflexão: “O tênis é um jogo feroz. O seu objetivo é derrotar o adversário. E a sua derrota se revela no seu erro: o outro foi incapaz de devolver a bola. Joga-se tênis para fazer o outro errar. O bom jogador é aquele que tem a exata noção do ponto fraco do seu adversário, e é justamente para aí que ele vai dirigir a sua cortada – palavra muito sugestiva, que indica o seu objetivo sádico, que é o de cortar, interromper, derrotar. O prazer do tênis se encontra, portanto, justamente no momento em que o jogo não pode mais continuar porque o adversário foi colocado fora de jogo. Termina sempre com a alegria de um e a tristeza de outro.

O frescobol se parece muito com o tênis: dois jogadores, duas raquetes e uma bola. Só que, para o jogo ser bom, é preciso que nenhum dos dois perca. Se a bola veio meio torta, a gente sabe que não foi de propósito e faz o maior esforço do mundo para devolvê-la gostosa, no lugar certo, para que o outro possa pegá-la. Não existe adversário porque não há ninguém a ser derrotado. Aqui ou os dois ganham ou ninguém ganha. E ninguém fica feliz quando o outro erra – pois o que se deseja é que ninguém erre. O erro de um, no frescobol, é como ejaculação precoce: um acidente lamentável que não deveria ter acontecido, pois o gostoso mesmo é aquele ir e vir, ir e vir, ir e vir… E o que errou pede desculpas; e o que provocou o erro se sente culpado. Mas não tem importância: começa-se de novo este delicioso jogo em que ninguém marca pontos…” Tênis x Frescobol – Rubem Alves

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