Homer, Marge, Bart, Lisa e Maggie: uma família americana comum de classe média que mora em Springfield, uma cidade interiorana sem nenhum grande diferencial, vive no limiar entre momentos de ternura e de ódio, entre tapas e beijos. Pensando dessa forma, a animação Os Simpsons não parece grande coisa, mas, nesta semana estriou no Brasil sua 30ª temporada, consolidando-se cada vez mais como a série de TV mais longeva da história – pelo menos ininterruptamente, sem contar com seriados como Doctor Who, que estreou em 1963, mas teve diversos períodos de hiato.
Criado por Matt Groening, Os Simpsons foi ao ar pela primeira vez em 1987, no Tracey Ullman Show. Dois anos depois, ganhou um espaço próprio na Fox, completando 30 anos em atividade. Embora mantivessem a estética infantil com traços simples, característicos de desenhos dos anos 1950 e 1960, como as produções de Hanna Barbera, Os Simpsons foram pioneiros ao abrir espaço para o nicho de animações adultas. Apesar de caricatos, os personagens não eram completamente descolados da realidade, e aquelas situações poderiam muito bem ter sido encenadas em sitcoms – por coincidência, no mesmo ano estreava Seinfeld, que revolucionaria para sempre esse tipo de série humorística episódica, abrindo espaço para Friends, How I Met Your Mother, The Office e outras produções que têm muito em comum com Os Simpsons.
Calcado na representação de uma família disfuncional, o desenho não se limitou a exibir piadas visuais inofensivas, humor físico exagerado e extrapolações cartunescas da realidade: Os Simpsons sempre tomaram como linha mestra a crítica de costumes, o comentário social e um humor ácido em relação à sociedade americana. Sem esse desenho, talvez muitas das animações destinadas ao público adulto que existem hoje simplesmente poderiam nunca ter sido feitas.
É o caso, por exemplo, de South Park, que estreou em 1997 no Comedy Central, tornando-se também uma das mais importantes séries animadas adultas da história, com 22 temporadas atualmente. Os Simpsons marcaram época, mas seu impacto não é sentido apenas na televisão, indo muito além como uma força cultural e até econômica.