A intervenção federal na segurança pública do Rio não conteve a ousadia dos ladrões de carros: durante o mês de março foram roubados 5.328 veículos no Estado – um a cada oito minutos, em média. Esse é o maior número da série iniciada em 1991, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão subordinado à Secretaria Estadual de Segurança. Isso sem contar os 1.249 carros furtados – quando o criminoso age sem usar violência ou ameaça.
Diante do sentimento de impotência, alguns proprietários estão recorrendo à internet. No Facebook existem pelo menos 28 grupos e 23 perfis criados com o objetivo de divulgar informações sobre carros que foram roubados ou furtados no Estado do Rio. A maioria se refere à capital, mas também existem muitos grupos da Baixada Fluminense e de municípios como Niterói, Duque de Caxias e Magé.
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A maioria dos relatos é postada por vítimas de assaltos e furtos, que informam as características do veículo e o local em que foi levado, além de eventualmente exibir fotos. Mas também há relatos de automóveis abandonados, postados por moradores das ruas onde esses carros estão, e depoimentos de motoristas de caminhão que foram vítimas de roubo de cargas. Um dos grupos mais movimentados é o “Carros roubados e abandonados Baixada Fluminense e Grande RJ”, que às 16h45 desta quarta-feira reunia 6.833 participantes. Criado há cerca de um ano, tem em média dez publicações por dia.
Não há estatísticas sobre o número de veículos recuperados, mas é fácil encontrar postagens de agradecimento após o carro ser encontrado. Um Gran Siena roubado na manhã de domingo em Vila Isabel (zona norte do Rio) foi localizado na terça-feira pela Polícia Militar. Embora a veiculação pelo Facebook não tenha surtido efeito, o proprietário agradeceu no grupo. “Muito obrigado a todos. Veículo encontrado hoje. Conte conosco quando precisarem. Juntos somos capazes.”
No mesmo dia, uma Brasília marrom fabricada em 1977 foi roubada em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense). Também anunciada no grupo (“é de grande valor sentimental para minha família”, destacou o proprietário), não havia sido localizada até quarta-feira, 18. Na segunda, um Monza cinza 1996 foi roubado em São João de Meriti (Baixada), e até quarta não havia sido encontrado.
Já uma Parati 1997 roubada na Pavuna (zona norte do Rio) em 13 de abril foi recuperada três dias depois. Nesse intervalo, segundo a proprietária, o veículo foi usado em pelo menos 15 tentativas de roubo. Algumas unidades da PM usam esses grupos para prestar contas dos veículos furtados ou roubados e recuperados. Postagem de terça-feira feita no grupo “Carros roubados…” em nome da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Vila Kennedy, na zona norte do Rio, anuncia uma lista de nove carros recuperados nos primeiros dias deste mês de abril.
Abandono
Os grupos também são usados para anunciar carros abandonados – possivelmente depois de serem roubados e usados em crimes. Um internauta postou foto de um Corsa vermelho abandonado em Nova Iguaçu em 13 de março, destacando que “tem duas Bíblias” dentro do veículo e, por isso, concluiu que o dono é “pessoa muito religiosa”.