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Motoristas de app mudam rotina para preservar a saúde na pandemia

Imagem: Agência Brasil

Diminuição no número de pessoas transportadas por viagem, instalação de escudos protetores de acrílico para isolar o banco da frente, adoção do álcool em gel como item de segurança sanitária, menos contato com os passageiros, uso obrigatório de máscara e cuidado redobrado com a higiene. As mudanças na rotina do motorista de aplicativo Rochester de Oliveira Marques, de 45 anos, de Brasília (DF), retratam o quanto a pandemia mexeu com os hábitos dos condutores e passageiros de um ano para cá.

O novo cenário exigiu investimento e mobilização das empresas que gerenciam os apps, como a criação e implantação de protocolos de segurança e de higiene. Para complementar a rotina de cuidados diários, motoristas parceiros acrescentam outros recursos para garantir o deslocamento seguro de milhões de usuários, mesmo nos piores momentos da doença. A eficiência das ações tem forte ligação com o senso de comunidade tanto por parte dos passageiros quanto dos parceiros.

“Logo após a instalação da placa de acrílico, confesso que me senti um pouco sufocado. Mas agora estou mais acostumado. Graças a Deus, não fui contaminado. Não se trata de ter medo ou não da doença, mas sim de cuidar da segurança minha e dos passageiros. Além disso, tenho minha esposa e meus filhos em casa e me preocupo com eles”, diz Marques, que atua como motorista parceiro há um ano e oito meses

Números

O depoimento de Marques dá uma dimensão de como o transporte por aplicativo sentiu os efeitos do coronavírus. Além de motoristas parceiros e clientes habituais adotarem novos hábitos, houve uma migração de passageiros do transporte público para os apps. Muitos fizeram a opção até mesmo para evitar possíveis aglomerações em ônibus, trens e metrôs.

A pesquisa realizada pela 99 comprova esta mudança de hábito. No período do levantamento, em 2020, o serviço registrou crescimento de 54% nas periferias brasileiras. Foram ouvidas 2.612 pessoas de bairros periféricos do Rio de Janeiro, Manaus, Salvador e São Paulo. Para 40% dos entrevistados, optar pelas viagens de carro por aplicativo foi a saída para evitar o contato com a Covid-19.
Com a transformação constatada durante esta fase, mesmo os grandes investimentos dependem de um ponto fundamental para o sucesso das iniciativas de combate ao coronavírus: respeito entre passageiros e motoristas parceiros. Afinal, o momento exige uma mudança de comportamento para colocar em prática as medidas necessárias para preservar a saúde.

Dessa forma, é responsabilidade de todos a garantia de uma viagem segura. Por isso, o monitoramento e o respeito às medidas de segurança também envolvem os passageiros. “Fico atenta se o motorista está usando máscara. Além disso, sempre converso com eles sobre a importância do autocuidado. Até porque o condutor não deve colocar nem ele nem o passageiro em risco”, destaca a analista de atendimento Aline Oliveira, de 35 anos.

Assim como Aline, a personal trainer Thaisa Suemi Nacamoto, de 32 anos, também adota as medidas necessárias. Devido à Covid-19, ela deixou de pagar as corridas com dinheiro, optando pelo cartão, e adquiriu novos hábitos. “Só entro no carro se o motorista estiver com máscara. Abro todas as janelas. Além disso, eu observo se o condutor tem álcool. Caso ele abaixe a máscara ou ignore os cuidados necessários, dou nota baixa”, afirma.

Na luta

Com quase três anos de experiência e cerca de 18,5 mil corridas realizadas em Belo Horizonte (MG) no período, o que dá uma média de 17 viagens por dia, o motorista parceiro André Tadeu Santana conta que seguiu as orientações enviadas pela 99 aos condutores de todo o País. Está sempre de máscara, não leva clientes no banco da frente, anda com os quatro vidros do carro abertos visando a circulação do ar e recusa corridas de passageiros que não aceitam os itens de proteção.

Aos 36 anos, Santana levanta todo dia às 4h30, inicia o trabalho às 5h30 e vai até o começo da noite levando pessoas de ponta a ponta na capital mineira. Por isso, todo cuidado é pouco. Ainda mais com uma pandemia que já tirou a vida de mais de 400 mil brasileiros, sendo mais de 4 mil na cidade onde ele atua.
“Moro com minha irmã e minha mãe, que tem 65 anos e já tomou a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Além disso, eu visito direto o meu pai, que tem 67 anos e mora sozinho. Preciso me cuidar bastante durante o serviço. Por mim e por eles”, destaca.

Investimentos

Para garantir o suporte necessário para os motoristas parceiros e os passageiros, as empresas que gerenciam os aplicativos de transporte investem tempo e dinheiro na busca das melhores soluções.
Os números são significativos. Só para se ter uma ideia, a 99 já distribuiu mais de 640 mil máscaras a motoristas parceiros desde março de 2020. Neste período, a empresa investiu mais de R$ 900 mil para distribuição de álcool em gel, outros R$ 2,8 milhões na instalação de escudos protetores e sanitizou mais de 425 mil veículos.

Também foram fechadas parcerias com a Shell, para desconto em combustíveis, e com o Sebrae, visando a oferta de cursos e acesso a linhas de crédito exclusivas, por meio do programa Somos, de incentivo aos motoristas parceiros. Houve também a migração de todo o serviço administrativo para o home office, protegendo quem atua na retaguarda aos motoristas parceiros e usuários.

Auxílio e protocolo

Logo no início da pandemia, foi criado um fundo de US$ 10 milhões (R$ 63,7 milhões) para auxiliar financeiramente motoristas parceiros diagnosticados com o coronavírus. Na mesma época, a 99 estabeleceu um protocolo de segurança com a consultoria do Hospital Sírio-Libanês, contendo material informativo e educativo com vídeos, textos e podcasts gravados com médicos infectologistas e outros profissionais de saúde.

Todo o material está disponível no site da empresa, com avaliação dos sintomas, o que fazer ao chegar em casa, como respeitar o distanciamento social mesmo durante o serviço e outras recomendações.

Essas iniciativas deram segurança a motoristas parceiros como Jeferson da Conceição Silva, de 58 anos, que também atua em Belo Horizonte. Com receio da infecção, ele faz sua parte para evitar a doença, com utilização em tempo integral da máscara e do álcool em gel.
Casado, pai e avô, ele conta que lida com passageiros conscientes em relação às normas de segurança sanitária. “Graças a Deus, até hoje todos sempre entraram com máscara. Mas sempre há o risco de levarmos essa doença para casa, né? Por isso, também torço para ser vacinado logo”, conclui.

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