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Mosaico português tem os dias contados no centro de SP

Os calçadões do centro de São Paulo nasceram polêmicos e, mais de 40 anos depois, ainda dividem opiniões. Já discutida por outros prefeitos, a troca do mosaico português por concreto começou a ser testada pela gestão Bruno Covas (PSDB) em um trecho da Rua Doutor Miguel Couto. A ideia é verificar o tipo de modelo ideal para, ainda este ano, começar a mudança no triângulo histórico, entre as Ruas Boa Vista, Líbero Badaró e Benjamin Constant.

A alteração também será subterrânea, com a instalação de canaletas para organizar redes de telefonia, fibra óptica e saneamento. A Prefeitura atribui a maior parte dos problemas de manutenção às intervenções para realização de serviços.

O trecho do projeto-piloto abrange dois tipos de técnica, com placas cimentícias pré-fabricadas ou armado moldado in loco, como na Avenida Paulista. “Tem de ter resistência alta, porque a gente está falando de uma área em que circula carro-forte, caminhão-pipa”, explica o secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando Chucre. Ele adianta que um trecho será doado por empresas do setor financeiro. “O calçadão está em um estado muito ruim de conservação, até pela técnica construtiva utilizada, somada à questão de a estrutura ser muito velha, o que acaba causando quebras constantes.”

Chucre diz que a execução começa neste ano, mas deverá ser entregue no primeiro semestre de 2020, pela alta quantidade de pedestres na região. “O problema dessa calçada não é a execução da obra em si, mas a logística. Se você imaginar que pega, por exemplo, a Rua São Bento, e tem dezenas de lojas ao longo da rua ..” Após a execução do trecho do centro velho, uma nova licitação vai abarcar a troca das pedras portuguesas dos calçadões do chamado “centro novo”. A mudança integra uma série de ações da Prefeitura para intensificar a vida noturna e o turismo na região central, tais como melhorias na iluminação, incentivos fiscais e a concessão do Edifício Martinelli.

Polêmica
A mudança no calçadão envolve desde questões práticas (como acessibilidade e manutenção) até aspectos “simbólicos” (como a memória da cidade) e, por isso, provoca críticas e elogios. “Há argumentos fortes dos dois lado. Uma coisa que defendi durante algum tempo é que se tentasse uma medida possível de desenho do piso que respondesse aspectos funcionais, para pessoas com dificuldade de locomoção”, diz o professor de Arquitetura e Urbanismo da Mackenzie, Valter Caldana. “Por outro lado, tem a questão histórica. Simplesmente eliminar o mosaico é bastante discutível.”

Algumas entidades são contrárias à retirada do mosaico português, que data dos anos 1970, como destaca Jorge Eduardo Rubies, presidente da Associação Preserva São Paulo. “Faz parte da identidade do centro.” Já a Associação Viva o Centro defende a retirada do mosaico há quase uma década, sobretudo para evitar quedas de pedestres e outros acidentes.

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