O Centro de Controle Operacional (CCO) do Metrô demorou uma hora para autorizar que seguranças entrassem nos trilhos do sistema para buscar o menino Luan Silva Oliveira, de 3 anos, que morreu no último dia 23 de dezembro ao se perder da família e ser atingido por um trem entre as estações Santa Cruz e Praça da Árvore da linha 1-Azul, na zona sul da capital paulista.
Relatório elaborado pelo Metrô e obtido pelo Sindicato dos Metroviários mostra que, entre o momento que o Centro de Controle de Segurança (CCS) recebe uma mensagem SMS sobre o ocorrido, às 11h07, e a autorização da entrada dos seguranças nos trilhos, passaram-se exatos 61 minutos. A demora foi revelada por reportagem do jornal Folha de S.Paulo nesta sexta-feira, 4.
O documento detalha o passo a passo das equipes de segurança da companhia após o alerta do desaparecimento do menino. Dois minutos após o CCS receber a mensagem relatando a emergência, às 11h09, os seguranças iniciaram as buscas por Luan nas plataformas, no mezanino da estação e no shopping Santa Cruz, anexo à estação.
Onze minutos depois, às 11h20, sem sucesso nas buscas, os seguranças levantam a hipótese de o menino ter entrado na passagem de emergência entre as duas estações. Às 11h25, eles pedem autorização para o CCO para procurar o menino no interior dos túneis do Metrô, mas a autorização do órgão vem apenas às 12h08. O menino é resgatado às 12h40, mas não resiste aos ferimentos.
O caso
Luan viajava rumo à estação Jabaquara com a mãe e os irmãos quando correu para fora do vagão no momento que o trem estava parado na estação Santa Cruz. A porta se fechou instantes após a saída do menino, sem que a família tivesse chance de alcançá-lo
Desesperada, a mãe do garoto, Lineia Oliveira Silva, de 25 anos, desceu na estação seguinte, Praça da Árvore, e embarcou no trem no sentido contrário. Desembarcou na estação Santa Cruz em busca da criança. “Informamos para o segurança. Em todo momento falei que meu filho não estava bem, mas falaram que iam olhar a câmera em vez de parar a via logo”, disse a mãe. Ela afirma que a criança foi encontrada no túnel perto de um trem e foi levada para o hospital, mas chegou ao local sem vida.
Resposta
Questionado sobre a demora na autorização das buscas de Luan nos trilhos, o Metrô afirmou que, um minuto após serem acionados, os agentes de segurança iniciaram as buscas na estação, nas duas plataformas, no mezanino, no shopping e no acesso da estação anexa na linha 5-lilás.
Ressaltou que, para que os agentes pudessem entrar nos túneis, foi necessária a desenergização de um trecho de mais de quatro quilômetros de vias (entre as estações Vila Mariana e Saúde). A medida, diz o Metrô, era essencial para “garantir a segurança dos demais usuários embarcados nos trens da linha-1 naquele momento”.
O Metrô também afirmou que “lamenta a fatalidade ocorrida na estação Santa Cruz” e “que prestou todo atendimento necessário à família neste momento difícil”. Disse ainda que “uma análise interna da ocorrência já está em andamento e que o Metrô vem colaborando com as investigações policiais sobre o caso, cedendo as imagens e informações solicitadas pelas autoridades”. O relatório final da ocorrência será entregue ao delegado responsável pela investigação nos próximos dias, disse a companhia.