O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (11) que o governo brasileiro não aceitará “ameaças” ou “chantagens” após o anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo governo dos Estados Unidos, sob gestão de Donald Trump. A declaração foi feita durante cerimônia em Linhares (ES), no lançamento de um programa de indenizações a atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana (MG).
Segundo Lula, o país deve manter uma postura firme diante das sanções. Ele destacou a possibilidade de aplicar a Lei de Reciprocidade caso as negociações com o governo norte-americano não avancem.
Setores reagem às sanções comerciais
As tarifas norte-americanas têm gerado críticas em diferentes setores do Brasil, incluindo organizações empresariais, centrais sindicais, parlamentares e movimentos sociais. As entidades afirmam que a medida pode afetar exportações e setores produtivos nacionais.
A justificativa do governo Trump é baseada em um suposto déficit comercial dos Estados Unidos com o Brasil. O governo brasileiro, por outro lado, afirma que os dados comerciais apontam saldo positivo para os norte-americanos nos últimos dez anos.
Lula comenta investigação sobre Bolsonaro
Durante o discurso, o presidente também comentou as investigações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, acusado pela Procuradoria-Geral da República de articular uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Segundo Lula, aliados de Bolsonaro, como militares e ex-assessores, estão entre os principais autores dos depoimentos colhidos pelo Ministério Público. Ele também mencionou a ida do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos, onde, segundo o presidente, o parlamentar tem buscado apoio internacional.
Contexto internacional e impactos internos
Especialistas ouvidos por veículos oficiais apontam que a nova política tarifária do governo Trump pode estar relacionada a fatores políticos, como o posicionamento do Brasil no Brics, sua atuação na regulação de plataformas digitais e o cenário eleitoral nos Estados Unidos.
O governo brasileiro afirmou que seguirá buscando solução diplomática para o impasse, mas que está preparado para aplicar medidas equivalentes, caso as negociações não avancem.

