O escritor Luis Fernando Verissimo, um dos autores mais lidos do Brasil, morreu neste sábado (30), aos 88 anos, em Porto Alegre. Ele estava internado há cerca de três semanas com pneumonia e enfrentava problemas de saúde nos últimos anos. Filho do também escritor Erico Verissimo, Luis Fernando construiu uma carreira marcada pelo humor, pela crítica social e pela paixão pela literatura, conquistando milhões de leitores em livros, jornais, televisão e teatro.
Com estilo leve e irônico, Verissimo publicou mais de 70 livros e vendeu 5,6 milhões de cópias ao longo da carreira. Suas crônicas e contos abordavam com inteligência e humor temas cotidianos, políticos e culturais. Começou como revisor no jornal Zero Hora em 1966, e logo se destacou como colunista. Escreveu também para O Estado de S.Paulo, O Globo e Zero Hora, mantendo-se ativo até os últimos anos.
Obras como O analista de Bagé, Ed Mort e Comédias da Vida Privada marcaram gerações. Esta última foi adaptada para a televisão pela Rede Globo e se tornou uma das séries mais populares dos anos 90. Também colaborou como roteirista do programa TV Pirata, ampliando sua presença na cultura popular brasileira.
Nascido em 1936, Verissimo era filho de Erico Verissimo, autor da consagrada trilogia O Tempo e o Vento. Viveu parte da infância nos Estados Unidos, onde o pai dava aulas de literatura. Dele herdou a informalidade e a habilidade de se comunicar com um público amplo sem perder a profundidade.
Apesar de tímido, era metódico e apaixonado pelo ofício de escrever. Preferia se expressar pela escrita a falar em público, como dizia em entrevistas. Seu humor refinado e observador conquistou leitores de todas as idades, especialmente em livros como Comédias para se ler na escola e As mentiras que os homens contam.
Paixões: jazz, crônica e o Internacional
Luis Fernando Verissimo era também saxofonista e amante do jazz, gênero que descobriu na juventude. Mantinha em casa uma vasta coleção de discos e um espaço reservado à música. Além da arte, o futebol era outra de suas grandes paixões — em especial o Sport Club Internacional.
Torcedor declarado, dedicou ao clube o livro Internacional, Autobiografia de uma Paixão e escreveu crônicas marcantes sobre momentos históricos, como o título mundial em 2006. Para ele, o futebol carregava a mesma poesia das boas histórias.
Verissimo deixa a esposa, Lúcia Helena Massa, três filhos e dois netos. Ainda não há informações sobre velório e sepultamento.

