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Limeira passa a oferecer implante contraceptivo para mulheres em situação de vulnerabilidade

Foto: Adilson Silveira

Um novo tipo de anticoncepcional começou a ser implantado nesta segunda-feira (17) pela rede pública de Limeira (SP). O diferencial é que o produto fica sob a pele e tem duração de três anos. Em razão da durabilidade, o contraceptivo será destinado prioritariamente às mulheres em situação de vulnerabilidade social.

O secretário de Saúde, Vitor Santos, ressalta que o contraceptivo permitirá a redução de danos a mulheres que estão em situação de rua ou que são usuárias de álcool e droga. “Trata-se de um anticoncepcional seguro, de implantação simples e com baixíssimo risco de efeitos colaterais”, salientou. Além disso, informou que o anticoncepcional poderá ser usado por mulheres sujeitas a gestação de alto risco, o que poderá diminuir a mortalidade materno-infantil no município.

Santos esclareceu que a adoção do contraceptivo atende à Lei 6.238, sancionada pelo prefeito Mario Botion (PSD) em 2019, a partir de propositura da ex-vereadora Mayra Costa. Ele mencionou que, recentemente, a vereadora Mariana Calsa pediu informações sobre essa medida.

Para fazer uso do anticoncepcional, a Secretaria de Saúde fará a seleção de mulheres em idade fértil, que estejam suscetíveis a fatores como, situação de rua, uso de álcool e drogas, distúrbio psiquiátrico, HIV/AIDS, Hepatite B e C, entre outros. O contraceptivo também será destinado a profissionais do sexo, mulheres em tratamento contra a tuberculose e puérperas de alto risco.

Inicialmente, 100 mulheres serão selecionadas para receber o anticoncepcional. Elas terão acompanhamento médico periódico para avaliar a adaptação ao medicamento. A primeira consulta será realizada 15 dias após o implante. Posteriormente o atendimento ocorrerá ao final do primeiro, terceiro, sexto e nono mês. A partir daí, as avaliações serão anuais.

Foto: Adilson Silveira

UBS GRAMINHA
Nesta segunda, duas mulheres receberam o medicamento. O procedimento foi realizado pela ginecologista obstétrica Kisy Zambelo, do Ambulatório de Contraceptivo Implantável, da UBS do Jd. Graminha. Após anestesia local, o contraceptivo foi implantado no braço das pacientes, perto da região do tríceps, com auxílio de um aplicador. O processo foi rápido e não durou mais que 15 minutos.

A primeira mulher a colocar o dispositivo tem 32 anos e mora atualmente na Casa de Convivência do Ceprosom, porém alterna a permanência no abrigo com períodos em que fica em situação de rua. Ela contou que possui dois filhos, um de 15 anos – que nasceu com Síndrome de Down e mora com o avô – e um de 7 anos, que está sob os cuidados de uma irmã. Após informações da assistente social, ela relatou que resolveu aderir ao contraceptivo.

Já a segunda mulher tem 25 anos, é casada há 10 anos e tem duas filhas, uma de 3 anos e outra de apenas 41 dias. Ela relata, ainda, a gravidez de um terceiro filho, que morreu em decorrência de má formação genética. Dentre as justificativas para aderir ao tratamento, ela citou a depressão, que a acompanhou durante a última gestação e continuou após o nascimento da filha, bem como o receio de gerar outra criança com problemas genéticos. Outra questão relaciona-se a problemas no útero, que descartaram a indicação do DIU.

Foto: Adilson Silveira

COMO FUNCIONA
O princípio ativo do medicamento é o etonogestrel, um hormônio feminino sintético, semelhante à progesterona. A substância fica dentro de um bastão macio e flexível, de 4 centímetros de comprimento por 2 milímetros de diâmetro. Uma pequena quantidade do hormônio é liberada continuamente na corrente sanguínea, que provoca o espessamento do muco cervical, dificultando a entrada dos espermatozoides no útero. Kisy destaca que em 90% dos casos, o contraceptivo leva à amenorreia, ou seja, a ausência da menstruação.

Segundo a diretora de Atenção Secundária à Saúde, Andresa Barros, o produto tem eficácia de 99%, está no mercado há mais de dez anos e já é adotado por diversos municípios brasileiros. Os pioneiros foram Ribeirão Preto, que passou a usá-lo em 2012, e Porto Alegre, onde a medida foi introduzida há sete anos. Na região, ela cita municípios como Rio Claro, Cordeirópolis, Piracicaba e Santa Bárbara D’Oeste.

Adquirido pela prefeitura por R$ 369,89 a unidade, o anticoncepcional será mais uma opção de contraceptivo oferecido pela rede. Atualmente, o município dispõe dos medicamentos convencionais, de uso oral, injetável de uso mensal e injetável de uso trimestral. Além desses, o Centro de Atenção à Saúde da Mulher (Casm) “Olga Forster Rodrigues” dispõe do Programa de Planejamento Familiar, que oferece a implantação do DIU e cirurgias de laqueadura e de vasectomia.

Foto: Adilson Silveira
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