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Laudo aponta que cerveja adulterada pode ter causado doença e morte em Minas Gerais

Na noite desta quinta-feira (9), a Polícia Civil de Minas Gerais realizou uma coletiva de imprensa onde afirmou que a presença da substância dietilenoglicol encontrada em duas garrafas de dois lotes da cerveja Belorizontina, da cervejaria Backer, seria a causa da intoxicação que causou a morte de um homem e a internação de outros sete, em Belo Horizonte, como foi mostrado aqui no Rápido no Ar.

Duas garrafas foram recolhidas na casa dos pacientes e levadas para a perícia. Todas as vítimas têm ligação ao bairro Buritis, na região oeste da capital mineira.

Mensagens em redes sociais alertavam desde domingo que as vítimas teriam comprado a cerveja em supermercados da mesma região.

Antes de divulgar o laudo, peritos vistoriaram a sede da empresa de bebidas artesanais, na capital mineira, e nas duas amostras de cerveja encaminhadas lacradas pela vigilância sanitária foi identificada a presença da substância.

O composto orgânico dietilenoglicol, também conhecido como éter de glicol, é usado no processo de refrigeração na indústria de cerveja e foi encontrado em dois lotes (L11348 e L21348) do rótulo da cerveja Belorizontina.

De acordo com a assessoria de imprensa da cervejaria Backer, foram produzidos 33 mil produtos em cada um dos lotes. A empresa também afirma “estar à disposição das autoridades para contribuir com a investigação e tem total interesse que as causas sejam apuradas, até a conclusão dos laudos e investigação”.

Um mapeamento está sendo feito pela cervejaria para localizar os estabelecimentos e bairros onde estes lotes da bebida foram comercializados. O Procon orienta consumidores a verificarem os lotes de cervejas adquiridas e a orientação é que cervejas destes lotes não devem ser consumidas.

As vítimas da intoxicação, que até o momento vem sendo chamada de síndrome nefroneural, estão internadas em hospitais particulares em Belo Horizonte e em Nova Lima, na região metropolitana.

Um inquérito foi aberto para apurar se há crimes ligados ao caso e as circunstâncias da morte de um dos pacientes. A empresa disse que colabora com as investigações.

MORTE

Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos, morreu em Juiz de Fora — Foto: Redes Sociais/Reprodução

Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos, morreu em Juiz de Fora, na Zona da Mata, em Minas Gerais, após apresentar sintomas de insuficiência renal e alterações neurológica.

CERVEJA ARTESANAL
Cervejas da marca Backer, primeira cervejaria artesanal mineira, criada em 1999, podem ser encontradas em vários supermercados pelo Brasil, inclusive em cidades da região.
Ela conquistou o título de melhor cervejaria do continente na Copa Cervezas de América. O torneio, um dos mais importantes do calendário internacional, foi disputado em setembro.

Em nota, a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) disse que “reforça a informação da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) de que as hipóteses para o surgimento da síndrome nefroneural ainda não foram esclarecidas. Ressaltamos que as normas para abertura e manutenção de fábricas de cervejas são bastante rigorosas a fim de evitar qualquer dano a saúde”.

Leia abaixo o laudo da perícia
“Informo que nas duas amostras de cerveja encaminhadas pela vigilância sanitária do Município de Belo Horizonte (cerveja pilsen marca ” Belorizontina” lotes L1 1348 e L2 1348) foi identificada a presença da substância dietilenoglicol em exames preliminares. Ressalto que estas garrafas foram recebidas lacradas e acondicionadas em envelopes de segurança da vigilância sanitária municipal n. 0024413 e 0021769, respectivamente”.

A SUBSTÂNCIA
A substância dietilenoglicol encontrada nos lotes de cerveja, e que pode ter dado início a doença misteriosa em Minas, já causou tragédias pelo mundo. Em 2009, traços do produto foram encontrados em um xarope de paracetamol e teria sido responsável pela morte de 24 crianças com idades entre 11 meses e três anos, em Bangladesh.

Em 2008, pelo menos 84 crianças entre dois meses e sete anos morreram na Nigéria, após desenvolveram febre e vômitos. Investigações apontaram que elas tomaram um medicamento chamado “My Pikin Baby”, que continha a substância. Nos anos 90, o país também registrou a morte de 47 crianças, que tomaram um xarope para tratar infecção respiratória e desenvolveram insuficiência renal.

Também há registros de mortes na Índia, Espanha e Argentina.

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