Sete integrantes de uma organização criminosa, e que estão sendo investigados em dois homicídios ocorridos em Piracicaba (SP), em decorrência de disputa por pontos de jogos de azar, foram denunciados quarta-feira (3) pelo Ministério Público, por meio da 2ª Promotoria de Justiça e do GAECO/Piracicaba, e tiveram suas prisões preventivas decretadas pelo juizado da Vara do Júri e Execuções Criminais.
Os investigados, que vão aguardar o julgamento presos, foram denunciados por organização criminosa, homicídios duplamente qualificados e pela exploração de jogos de azar.
A primeira vítima, Wilson Roberto Casale, foi assassinada no dia 26 de maio de 2018, dentro de seu estabelecimento comercial com três disparos de arma de fogo. Seu filho, Felipe Roberto Casale, passou a dar continuidade à exploração dos jogos e, em 15 de março de 2024, foi executado em plena via pública com disparos de ama de fogo.
Os envolvidos foram presos durante a operação Jogo da Vida, conforme divulgado pelo Rápido No Ar. De acordo com o Ministério Público, a organização criminosa já havia sido investigada em outras frentes pelo Ministério Público e se revelou como uma das mais extensas na exploração de jogos de azar no país, com grande ramificação em diversas cidades, e envolvida com corrupção de agentes públicos e lavagem de dinheiro.
Em Piracicaba, a organização criminosa foi investigada ainda em 2017, ocasião em que houve a prisão de dois líderes locais. A prisão deles abriu espaço para que outro grupo concorrente se apropriasse de alguns pontos e passasse a explorar a mesma atividade ilícita. Com a soltura posterior dos líderes, iniciou-se uma disputa violenta pelos pontos de exploração de jogos.
Segundo o promotor de Justiça do Júri, Aluisio Antonio Maciel Neto, a denúncia oferecida pelo Ministério Público identificou os mandantes dos crimes de homicídios, seus intermediários e um envolvido na execução do crime. Ainda estão sendo feitas diligências para a identificação dos demais executores.
Além disso, de acordo com o promotor, a investigação realizada pelo Ministério Público identificou a relação estreita entre os integrantes da organização criminosa de exploração de jogos de azar com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital, cujos integrantes atuavam em conexão entre elas para a realização de cobranças e missões destinadas à execução de crimes de mando.
Para Maciel Neto. a investigação revelou que uma aparente contravenção penal, como a exploração de jogos de azar, pode encobrir uma grande estrutura criminosa para a prática de crimes violentos e graves.
“Não é apenas o jogo em si, mas o que se constrói a partir dele com o poderio econômico angariado, seja para a corrupção de agentes públicos ou a execução de crimes de mando, no mesmo modelo de máfias italianas”.
O Ministério Público também pediu a conversão das prisões temporárias em preventivas, a fim de que os denunciados permaneçam presos ao longo do processo. “Parte dos denunciados estava em liberdade provisória desde 2017, quando se deflagrou a primeira operação de combate a esta organização criminosa e suas solturas revelaram que deveriam estar presos desde então, o que certamente teria impedido as mortes em questão, pois elas já haviam sido anunciadas de dentro da cadeia, quando os líderes estavam presos”, informou o promotor.
“Além disso, as armas, munições, carta do Primeiro Comando da Capital e a grande quantidade de dinheiro e cheques apreendidos, quase 1 milhão de reais, revelam que a prisão deles se apresenta de forma inquestionável para o impedimento de outros crimes”, disse Maciel Neto.