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Funcionária de hospital em Americana é presa por desviar e vender medicamentos controlados

Foto: Polícia Civil/Divulgação

A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Americana, realizou nesta quarta-feira uma operação que expôs um esquema de desvio e venda de medicamentos psicotrópicos controlados, pertencentes ao Hospital Municipal Waldemar Tebaldi. A ação teve como alvo uma funcionária da farmácia do hospital, acusada de subtrair medicamentos como morfina e fentanil e vendê-los ilegalmente para usuários com fins recreativos. A operação é parte de uma série de medidas para combater o tráfico de substâncias controladas e proteger a saúde pública.

Início da investigação

A investigação começou após o setor especializado da DIG receber denúncias de que uma auxiliar de farmácia do Hospital Municipal estaria envolvida no desvio de medicamentos de uso restrito, com foco em substâncias altamente controladas, como fentanil e morfina. Essas drogas, que são amplamente utilizadas em ambiente hospitalar para controle de dores severas e procedimentos anestésicos, são também conhecidas por seu potencial de abuso e risco de vício, se utilizadas fora de contextos médicos.

As primeiras informações sugeriam que a funcionária, utilizando-se de seu acesso privilegiado ao estoque de medicamentos, estava retirando ampolas dessas substâncias e as revendendo a terceiros sem qualquer controle ou autorização. O fentanil, em especial, é uma droga de extremo risco, cujo uso recreativo pode levar a graves consequências, incluindo overdose e morte. O alerta inicial foi o ponto de partida para uma investigação que envolveu monitoramento de atividades, consultas a registros internos e até a obtenção de mensagens trocadas entre a suspeita e seus compradores.

Evidências recolhidas

A equipe da Polícia Civil passou a investigar de forma aprofundada as atividades da funcionária. Foram realizadas pesquisas em sistemas policiais e monitoramento de fontes abertas, que culminaram na identificação do envolvimento da suspeita com terceiros que participavam das transações ilegais. Uma peça-chave da investigação foram prints de conversas trocadas entre a funcionária e seus clientes, onde os medicamentos eram negociados de forma clandestina, sem qualquer controle regulatório.

Além disso, foi possível identificar que, em várias ocasiões, a funcionária repassou ampolas de fentanil e morfina a intermediários, que posteriormente distribuíam as substâncias para uso recreativo. As ampolas de Citrato de Fentanila e Sulfato de Morfina, ambas presentes na lista “A” de substâncias controladas pela Portaria nº 344/1998 da Anvisa, estavam sendo comercializadas sem qualquer critério de segurança, expondo a gravidade da situação.

Apreensões e depoimentos

Com base nas evidências coletadas, a operação de campo foi deflagrada. A primeira etapa consistiu no contato com uma intermediária do esquema, que, ao ser abordada, entregou voluntariamente duas sacolas contendo mais de uma centena de ampolas de fentanil, além de várias outras já consumidas, tanto de fentanil quanto de morfina. Em seu depoimento, a mulher alegou que sua prima havia se viciado nas substâncias e estava atualmente em tratamento, resultado do abuso desses medicamentos. Essa confissão reforçou o cenário de descontrole e abuso das drogas subtraídas do hospital.

Em paralelo, a equipe da Polícia Civil monitorava os movimentos da principal suspeita, aguardando o momento oportuno para a abordagem. A funcionária foi detida no estacionamento do Hospital Municipal, em via pública, enquanto estava acompanhada de um homem que se identificou como seu parente. Embora tenha inicialmente negado qualquer envolvimento com a prática ilícita, ela demonstrou nervosismo ao ser informada de que uma busca seria realizada em seu local de trabalho.

Confissão e desdobramentos

Durante a revista pessoal, foi encontrada uma ampola de Acetato de Betametasona em sua bolsa, além de diversos comprimidos e pomadas sem procedência conhecida. Quando confrontada com as evidências, a funcionária confessou a subtração de medicamentos da farmácia do hospital. Ela admitiu ter usado seu acesso facilitado ao estoque para desviar fentanil, morfina e outras substâncias controladas, que vendia para consumidores interessados no uso recreativo dessas drogas.

Em uma segunda etapa da operação, equipes policiais se dirigiram à residência da funcionária, onde uma grande quantidade de medicamentos desviados foi encontrada, incluindo o anestésico dissociativo ketamina, comumente conhecido no meio recreativo como “Special K”. Esse anestésico, além de seu uso legítimo em procedimentos médicos, é frequentemente associado a casos de abuso, devido a seus efeitos alucinógenos e ao potencial de causar amnésia temporária, o que tem sido documentado em investigações sobre crimes como agressão sexual.

Impacto no hospital e conclusão

A coordenação da farmácia do Hospital Municipal Waldemar Tebaldi colaborou prontamente com a operação. A superior direta da indiciada confirmou que os medicamentos encontrados em sua posse pertenciam ao hospital e haviam sido desviados do estoque, identificados por meio do sistema de controle da farmácia. Esse suporte foi crucial para a conclusão da diligência e o início das medidas legais.

A funcionária foi indiciada por desvio de medicamentos de controle especial e tráfico de substâncias psicotrópicas, com base no artigo 273 do Código Penal, agravado pelo abuso de sua função pública, conforme o artigo 312. Ela foi detida, submetida a exame de corpo de delito e transferida para o sistema prisional, enquanto as investigações continuam para identificar outros possíveis envolvidos no esquema.

Alerta sobre o uso de fentanil e ketamina

A operação trouxe à tona uma preocupação crescente entre autoridades de saúde e segurança sobre o uso recreativo de substâncias como fentanil e ketamina. Ambas as drogas, apesar de seus usos médicos legítimos, têm um enorme potencial de abuso e estão cada vez mais presentes em cenários de tráfico clandestino. O fentanil, em particular, é amplamente utilizado em hospitais, mas seu uso fora de controle pode resultar em vício imediato e até morte por overdose, como alertam especialistas de diversas áreas da saúde.

Já a ketamina, além de seu uso como anestésico e antidepressivo, tem sido amplamente relatada como substância usada em crimes de violência sexual, devido à sua capacidade de causar amnésia temporária, o que facilita a ocorrência de agressões sem o consentimento das vítimas.

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