Solidariedade, promessa, incentivo e retribuição são alguns dos motivos apontados por homens e mulheres que, recentemente, doaram ao menos 20 centímetros do cabelo para a ONG Rapunzel Solidária. Com o material, quatro costureiras voluntárias criam perucas para pacientes em tratamentos de saúde que causam a queda de cabelo.
“Sempre ouvi de vários cabeleireiros que tinha cabelo que dava para duas pessoas. (…) Prestando atenção em familiares e amigos que tiveram câncer, pensei muito em como ajudar. Até que caiu a ficha”, conta Janaína Rocha no Instagram. Na mesma rede social, por hashtags, recebedoras agradecem.
Criada em 2014 e transformada em ONG no ano seguinte, a Rapunzel Solidária surgiu da ação isolada da engenheira química Elizabeth Lomaski, de 54 anos. Ela teve a ideia após se recuperar de um câncer de mama. A receita vem de doações, uma delas anual, de um financiamento coletivo organizado por estudantes do 1.º ano de Administração da Faculdade de Informática e Administração Paulista. Neste ano, 27 alunos participam da iniciativa, na disputam com uma turma em prol da ONG Adus, que apoia refugiados
Segundo a professora Ana Cláudia Madaleno, o exercício contribui tanto para o desenvolvimento dos alunos quanto para os que recebem a doação – repassada integralmente. “É uma forma de divulgar, muitos alunos se tornam voluntários depois”, diz. Um desses casos é do estudante Luis Henrique Oliveira Redondo, de 27 anos, que criou o projeto MyHope, pelo qual organiza um torneio de videogame em prol da Rapunzel Solidária. As primeiras etapas reúnem 32 times, com inscrição ao custo de R$ 125. A final será transmitida ao vivo de um bar em Pinheiros, na zona oeste paulistana. Além disso, outras edições, voltadas a outros jogos, devem se repetir até o fim deste ano.
Cofundador de uma equipe profissional de esportes eletrônicos, Redondo pretende criar uma alíquota para doar parte dos futuros lucros para a ONG – que conheceu este ano. “O pai da minha mãe de criação veio a falecer de câncer. Foi a primeira coisa que veio à cabeça, de que não posso virar as costas para uma coisa tão séria.”
Financiamento
Além de doações pontuais, a ONG pretende lançar uma campanha para associados que se comprometerão a doar mensalmente. “Hoje estamos fazendo um mutirão do bem, pedindo para as pessoas colaborarem com R$ 10 para que a gente continue o trabalho”, conta a fundadora e presidente, Elizabeth Lomaski. Com o valor, ela pretende investir R$ 2 mil em uma campanha com influenciadores digitais que deve ser lançada em agosto.
Elizabeth calcula que, para 2019, a previsão é conseguir R$ 15 mil para ampliar a estrutura e pagar de três a quatro funcionários. Hoje, todo o trabalho é voluntário. Somente a touca que é usada nas perucas custa R$ 40. Em 2017, foram produzidas 1,8 mil peças. “A gente quer construir um trabalho sustentável.”