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Filhos e limites: um desafio para os pais

Já dizia Millôr Fernandes que “Pais e filhos não foram feitos para serem amigos. Foram feitos para serem pais e filhos.”, mas o que ele quer dizer com isso? Que devemos ser distantes, mandões e pais que punem e exigem?
Não, pais e filhos precisam ser próximos, amigos, companheiros, confidentes, precisam ter uma boa relação de confiança com seus filhos, entretanto, é preciso que pais e filhos lembrem-se que são pais e filhos, que sua relação pressupõe regras, alguma autoridade, orientações, ordens, ‘coisas nem tão legais assim’ como, por exemplo: escovar dente, fazer deveres de casa, estudar, comer fruta e verdura, arrumar o quarto, dentre outros.
Atualmente vivemos tempos difíceis, precisamos trabalhar muito, nos dedicar ao extremo ao trabalho, dar continuidade aos estudos, é preciso que busquemos crescimento sempre e isto nos toma tempo, invade nossa vida pessoal, atropela nossas noites, entra final de semana adentro e nos consome.

Nós, pais, nos sentimos culpados por esse excesso, por não estarmos tão presentes quanto deveríamos, por não sermos tão carinhosos o tempo todo, por não podermos escutar nossos filhos e seus problemas regularmente, queremos que isso desapareça, queremos que eles sintam nosso amor e isso é absolutamente compreensível.

Ocorre que, alguns de nós, na ânsia de não fazer sofrer seus amores, concorda com quase tudo, não diz não, ‘finge’ não notar comportamentos errados, ‘desculpa’ os erros, arrumando boas justificativas para os mesmos e assim, diminui sua culpa, acaba achando que faz o filho feliz e o defende e pronto.

Não raro escutamos de alguns pais/mães: “Áh, passo tão pouco tempo com ele (a) e vou dar bronca, vou mandar, vou deixar chateado?” SIM! Vai sim! O pouco tempo precisa ser tempo de qualidade, tempo bem gasto, tempo bem aproveitado.

É preciso dar amor, carinho e escutar os filhos, mas é preciso ensinar, é preciso orientar, é preciso mostrar o caminho que se espera que eles percorram. Isto não irá lhes frustrar ou lhes afastar de nós, ao contrário, irá possibilitar que compreendam onde devem buscar as informações que precisam e a quem recorrer em caso de dúvida!

Mas precisamos estar presentes, precisamos amar, precisamos passar tempo com eles! Arrume sua rotina, separe uma hora em seu dia para seus filhos e nessa hora, não há whatsapp, facebook, celular, telefone, campainha, telejornal, jornal, livro de escola, projeto do trabalho, nesta hora, o que vale são boas conversas, um programa na tv juntos, uma lição de casa em dupla, um jogo, fazer o jantar juntos, sair pra andar de bicicleta, skate, cuidar dos animais ou do jardim, juntos, nesta horinha, reabasteçam-se do amor de pais e filhos, filhos e pais.

Fora desta hora, converse e oriente sempre que necessário, conduza para o caminho e conduta adequado, mostre que apesar do amor, da liberdade, da proximidade e do companheirismo, vocês são pais e eles filhos, portanto, limites, orientações, algumas cobranças ocorrerão, para garantir que se tornem seres humanos éticos, conhecedores de limites e de seu espaço no mundo.

Finalizo meu texto de hoje com um pensamento impactante de Saramago: “Filho é um ser que nos foi emprestado para um curso intensivo de como amar alguém além de nós mesmos, de como mudar nossos piores defeitos para darmos os melhores exemplos e de aprendermos a ter coragem. Isso mesmo! Ser pai ou mãe é o maior ato de coragem que alguém pode ter, porque é expor-se a todo o tipo de dor, principalmente o da incerteza de agir corretamente e do medo de perder algo tão amado. Perder? Como? Não é nosso, recordam-se? Foi apenas um empréstimo.”

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