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Filha é presa suspeita de internar a mãe à força em clínica psiquiátrica no RJ

Foto: Reprodução/ Redes sociais

A Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu uma mulher acusada de sequestrar a própria mãe, uma idosa de 65 anos, e interná-la à força em uma clínica psiquiátrica sem indicação médica, no dia 6 de fevereiro. O genro da idosa também foi preso por suspeita de envolvimento no crime.

Patrícia de Paiva Reis e Raphael Machado Costa Neves tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva neste sábado (25). Eles vão responder pelos crimes de sequestro triplamente qualificado e coação no curso do processo.

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De acordo com as investigações, a vítima não tem nenhuma doença ou necessidade terapêutica. Ela foi mantida na unidade particular de saúde em Petrópolis, para ser coagida a se retratar de notícia-crime que havia feito contra a filha, na qual denunciou maus-tratos sofridos pelos dois netos, de 2 e 9 anos, na Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (Dcav), dois dias antes de ser sequestrada.

A mulher afirma que os netos, um deles com deficiência mental, sofrem maus-tratos, não recebem dos pais alimentação e nem higiene de forma correta.

No dia do sequestro, a idosa saia de uma agência bancária quando foi abordada por dois homens, que a colocaram em uma ambulância. Na ocasião, a vítima acreditou que se tratava de uma “saidinha de banco” ou um sequestro relâmpago, mas percebeu que a ação era planejada pela filha ao ouvir um dos criminosos dizer que se tratava de “coisa de família”.

Dentro da ambulância, a idosa narra ter chorado durante todo o trajeto até Petrópolis e, ao chegar à clínica, teve a bolsa e o celular retirados pelos funcionários. Ela foi colocada em um quarto sem janela nem ventilação por três dias, onde passou fome e sede. Depois, a idosa contou ter sido levada para um espaço coletivo, onde passou a ser obrigada a ingerir medicações.

Durante o carnaval, a vítima contou ter recebido a visita de sua filha e do companheiro dela, Raphael Machado Costa Neves. O casal teria relatado à idosa que tentariam desqualificar o registro feito por ela na Dcav demonstrando que ela sofria de “desequilíbrio mental”.
Depois de alguns dias internada, a idosa afirmou ter sido novamente colocada à força em uma ambulância e levada para outra unidade psiquiátrica.

Em nota, a Clínica afirmou que “foi procurada por Patrícia de Paiva Reis, que solicitou a internação de sua mãe de 65 anos, com ‘histórico de depressão com episódios de confusão mental’”. A paciente chegou transferida de outra clínica.

A unidade de saúde ainda relatou que “em 5 dias na clínica, com abordagem multidisciplinar da equipe, foi constatado que a paciente não mais apresentava indicação de internação”.

Na quinta-feira (23), após descobrirem o paradeiro da idosa a partir de sua própria filha, agentes da 9ª DP estiveram na clínica e a libertaram.

“Iniciamos as diligências tão logo recebemos a informação de que uma idosa lúcida e sem nenhuma doença física ou mental estava sendo mantida em privação de liberdade em uma clínica. Após a prisão dos familiares que haviam determinado a internação, iremos investigar a conduta de médicos, enfermeiros e demais funcionários desses estabelecimentos a fim de entender a responsabilidade de cada um nesses crimes”, explica o delegado Felipe Santoro.

Patrícia de Paiva Reis responde a cinco processos por calúnia, estelionato, extorsão e furto em veículo, entre 2019 e 2020. Ela também é investigadada em dois processos, nas delegacias do Catete e do Leblon, sob suspeita de falsas acusações contra ex-namorados enquadrados na Lei Maria da Penha.

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