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Extraordinário!

“A única razão de eu não ser comum é que ninguém além de mim me enxerga dessa forma. ” Auggie Pullman, Extraordinário

Esta foi uma das frases que mais me impactaram quando assisti ao belíssimo filme “Extraordinário. Ela me fez pensar no peso que nosso ‘julgamento’, que nossa opinião, que nossas colocações têm sobre o outro.

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Em geral, almejamos sermos vistos, termos algo ‘incomum’ e que nos destaque, mas lógico, queremos ser reconhecidos por nossos ‘feitos’, por nossa maneira única, entretanto, ao passarmos pelos julgamentos, pelo ‘crivo’ das pessoas, percebemos que, grande parte das pessoas fala daquilo que temos de incomum, mas de ‘ruim’, estranho, um defeito, enfim… É raro quando somos olhados pelas nossas ‘raridades boas’ e isto causa muita dor e muito sofrimento.

Em um momento do filme Auggie diz: “Eu gostaria que todos os dias fossem Halloween. Poderíamos ficar mascarados o tempo todo. Então andaríamos por aí e conheceríamos as pessoas antes de saber como elas são sem máscara. ”. Esta frase dele me fez pensar que muitas vezes nos sentimos assim: querendo que ninguém nos veja, querendo passar despercebidos por todos, querendo ser apenas uma sombra e por que? Porque existe a crueldade do julgamento, porque existe um padrão a ser seguido e este indica sucesso ou fracasso, faz com que alguém faça parte dos ‘famosos’ ou parte dos ‘zé ninguém’. De onde vem isso? Essa ditadura de como devemos ser, do que é bonito e do que é feio, do que deve ser imitado ou não, do que merece ser aplaudido ou vaiado.

Quantas são as crianças que têm um pavor de ler alto suas redações, de perguntar suas dúvidas em sala de aula? Quantas são as crianças que têm pavor de ir à escola, pois lá, não se adequam ao padrão de ‘famosinhos’ imposto por uma minoria e acabam alvo de gozações, chacota e maldades infinitas?

O que essas crianças, que praticam tais atos estão fazendo com o outro e com elas mesmas? O que estes atos violentos representam? Como diria Benedetto Croce, “A violência não é força, mas fraqueza, nem nunca poderá ser criadora de coisa alguma, apenas destruidora. ”

Portanto, pare, pense, repense. Se você, se seu filho, se seus amigos se relacionam desta forma violenta, repressora, que exclui e sobretudo que causa dor com aos demais: MUDE, pois como Augusto Curyque, pontua de maneira muito sábia “Violência gera violência, os fracos julgam e condenam, porém, os fortes perdoam e compreendem. ”

Não faça parte e nem ensine ou relacione-se com os que causam dor, sofrimento, com os que julgam e condenam, com os que não enxergam o outro por inteiro, em sua totalidade. Essas pessoas sabem de todos os defeitos das demais, porém não se atentam às qualidades que apresentam. Somos todos muito mais que um conjunto de defeitos, somos um todo lindo, complexo, cheio de qualidades, cheio de coisas boas, claro, com feiuras, com erros, mas, com absoluta certeza, temos muito a ensinar, a acrescentar a quem conosco convive.

Vamos fazer um ‘combinado’? Durante esta semana, ainda que você veja feiuras, coisas que não julga corretas, ações ou crenças ou modo de ser diferente dos seus, nos demais, não julgue, não fale nada de ruim, não aponte o erro. Procure apenas e tão somente buscar olhar com olhos complacentes, procure ajudar e estar perto e, se puder, ajude o outro a sentir-se bem e melhorar se for este o caso. Mantenha a frase sábia de Madre Teresa de Calcutá como um guia para suas ações: “Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las. ”, e vamos em busca de semear, plantar tolerância e amor em um mundo tão carente disso.

Encerro com a frase de um menininho de 11 anos (Auggie Pullman), que amargou dias terríveis, tudo por não fazer parte do que o ‘mundo esperava’ de um menino ‘normal’ de 11 anos, para que cada um de nós possa refletir e batalhar para que nunca mais outro ser humano sinta-se assim: “Se eu encontrasse uma lâmpada mágica e pudesse fazer um desejo, pediria para ter um rosto comum, em que ninguém nunca prestasse atenção. ”

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